sábado, 23 de setembro de 2017

A magia do Berimbau.

Bonjour leitores e amigos queridos. Com o consentimento do sono prolongado do meu filho, publico hoje esse poema que é um pedacinho da realidade que não é narrada. Das sensações que nós temos e que são confirmadas por todas as almas desencarnadas. Não falo mais a mesma língua, embora use o mesmo idioma ainda. Não posso mais ser compreendida pelas mentes que me seguem, mas isso não quer dizer nada. A arte não é entretenimento, a arte é a ferramenta mais avançada nesta superfície densa em que estamos inseridos temporariamente. Não esperem sempre afagos e beijinhos, às vezes o beijo existe na face do poema, outras não. Apenas recebam e deixem-se arrebatar, não esperem finais felizes, esperem verdades reveladoras, aceitem e compreendam as nossas possibilidades de conceber a vida multifacetada.
Eu amo todos que eu posso alcançar com uma palavra, e não espero que essa palavra seja compreendida como eu a escrevo, porque ela não será.
Recebam como puderem, eu as escrevo com o que tenho de melhor em mim, eu escrevo porque é tudo o que eu posso ofertar.
Tenham um bom fim de semana.
bisous.

Eu vi quando as sons saíram de suas cordas vocais e entrelaçaram-se com os cantos dos pássaros no topo das árvores.
Eu vi os homens balançando entre as matas pendurados em altos cipós,
Eles dançavam ao som da floresta.
Enquanto uma orquestra nunca vista aqui,
entoava as mais finas obras celestiais.
Estes cantos inofensivos e quânticos
calaram minhas mais excêntricas dúvidas existenciais.
Incendiada pelas ondas que tomavam meu centro de zinabre
Permiti que,

toda a vida selvagem me dissipasse,
tornando-me parte do movimento circular que rege o mundo e suas inúmeras faces.
Fui escorrendo pelas pedras e córregos de águas cristalinas.
Fui beijada por crianças vermelhas,
que brincavam nas minhas margens.
Desaguei em um grande rio,
até perder-me na paisagem.
Expandi meus horizontes,
e cheguei em lugares sagrados.
Consagrei-me ali,
e ali despedi-me daquela viagem.
Ancorei minha'alma naquela caverna.
E passei o resto das vidas orando pela humanidade.
Nunca salvei uma alma viva,
Mas instruí muitas a fazerem essa passagem.
Um dia eu volto de lá,
mas até esse dia chegar,
Darei a mão todas as tardes aos convidados
que desatinam ao ver a realidade.
O mundo é plural demais para quem despe-se, de mediocridades.


Essa imagem vive em mim,
eu vivo nessa imagem.
E toda a maldade terrena não será capaz de desfazê-la jamais.
Meu DNA existirá nos próximos mil anos, e com ele guardará o canto que eu ouvi essa noite das cordas que se cruzavam na floresta da minha alma e me enterneceram.
Toda a humanidade conhecerá a natureza de sua alma, e isso descongestionará as veias de toda uma história cega e torpe.
Eu vi muitas outras cenas esta noite,
Mas nenhuma me convenceu mais do que, o canto do araponga arranjado pelo berimbau.