Bonjour leitores e amigos, o poema de hoje é um dos bons. Geralmente eu posto qualquer poema que eu escreva, mas ultimamente tenho guardado muitos, por não saber o que fazer com eles. Talvez arranje-os em um livro, mas não os deixarei assim por muito tempo, poema não serve pra ficar engavetado. Para as gavetas nos deixamos as traças e os ratos. Para os poemas nós esperamos o contato com as mentes e os corações do leitor, e quem sabe uns minutos de salvação.
A arte só salva momentos, que podem ou não permanecer em nós por alguns dias, em mim permanece somente o tempo de escrever e sonhar. Depois, esvanecem-se e os esqueço. Um dia retomo e já não tem o mesmo tom nem o mesmo impacto, o que me mostra o quanto a arte é indiferente ao que se propõe. A assimilação sempre dependerá do contexto que o leitor está inserido naquele instante, então é interessante a ele, ou insignificante.
A beleza da mutação e da efemeridade da arte é pra mim uma droga alucinante.
bisous caro leitor.
20 DE MARÇO DE 2018
Toda a construção em mim vai descascando pelo tempo,
Sem uso,
aos poucos tudo vai se perdendo.
Eu não lamento
O empenho nas aulas de francês.
Os discursos literários.
O pensamento complexo
e os formalistaS operários.
Todas essas gavetas foram fechadas.
E quando abro, encontro nada.
Só restaram as etiquetas e pastas acumuladas.
A promessa de uma retomada.
Não ouso.
Não faço a manutenção da minha obra.
Deixo as horas corroerem tudo.
Todo pensamento filosófico,
Todo sentimento saudoso dos prédios,
Toda a artimanha artística dos versos.
Não recupero.
Esqueço todo o resto.
E como uma criança recém acordada
Inicio tudo desde o começo.
Com o sentimento puro de quem olha pela primeira vez o mundo.
Sem medo,
Sem teorias,
Sem conversas abstratas.
Apenas o sentimento de existir no mundo.
E exprimir nos versos cada sensação de descobrimento.
Explorando lugares nativos da minh'alma.
Enquanto as paredes do meu cérebro se desmoronam.
Todos os ruídos que o homem faz, me ensurdecem.
Suas falas, suas marchas, suas vestes,
Tudo me enfurece.
E como criança que sou,
chamo pela minha mãe.
Não quero Bakhtin nessas horas.
Foucault ou qualquer outro teórico que franza meu cenho.
Quero apenas o riso sincero,
que só me arranca da carne
os que não foram comidos pelo cemitério.
A vaidade é um sentimento que só merece desprezo.
Não me apego ao texto.
Não me apego ao EGO.
Não tenho ódio aos nomes que cito.
Só tenho um desejo.
Ser ninguém.
e nisso não há exclusividade.
Nisso não há méritos.
Juliana S. Müller
A arte só salva momentos, que podem ou não permanecer em nós por alguns dias, em mim permanece somente o tempo de escrever e sonhar. Depois, esvanecem-se e os esqueço. Um dia retomo e já não tem o mesmo tom nem o mesmo impacto, o que me mostra o quanto a arte é indiferente ao que se propõe. A assimilação sempre dependerá do contexto que o leitor está inserido naquele instante, então é interessante a ele, ou insignificante.
A beleza da mutação e da efemeridade da arte é pra mim uma droga alucinante.
bisous caro leitor.
20 DE MARÇO DE 2018
Toda a construção em mim vai descascando pelo tempo,
Sem uso,
aos poucos tudo vai se perdendo.
Eu não lamento
O empenho nas aulas de francês.
Os discursos literários.
O pensamento complexo
e os formalistaS operários.
Todas essas gavetas foram fechadas.
E quando abro, encontro nada.
Só restaram as etiquetas e pastas acumuladas.
A promessa de uma retomada.
Não ouso.
Não faço a manutenção da minha obra.
Deixo as horas corroerem tudo.
Todo pensamento filosófico,
Todo sentimento saudoso dos prédios,
Toda a artimanha artística dos versos.
Não recupero.
Esqueço todo o resto.
E como uma criança recém acordada
Inicio tudo desde o começo.
Com o sentimento puro de quem olha pela primeira vez o mundo.
Sem medo,
Sem teorias,
Sem conversas abstratas.
Apenas o sentimento de existir no mundo.
E exprimir nos versos cada sensação de descobrimento.
Explorando lugares nativos da minh'alma.
Enquanto as paredes do meu cérebro se desmoronam.
Todos os ruídos que o homem faz, me ensurdecem.
Suas falas, suas marchas, suas vestes,
Tudo me enfurece.
E como criança que sou,
chamo pela minha mãe.
Não quero Bakhtin nessas horas.
Foucault ou qualquer outro teórico que franza meu cenho.
Quero apenas o riso sincero,
que só me arranca da carne
os que não foram comidos pelo cemitério.
A vaidade é um sentimento que só merece desprezo.
Não me apego ao texto.
Não me apego ao EGO.
Não tenho ódio aos nomes que cito.
Só tenho um desejo.
Ser ninguém.
e nisso não há exclusividade.
Nisso não há méritos.
Juliana S. Müller