quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Bonjour mes amis, olhando para esse céu branco e com as células do meu corpo agitadas pelo tempo que eu penso escorrer pelos anos da minha vida, mas que não escorre em nada, já que não há tempo só há ciclos e mais vidas. Escrevo essas linhas das quais não espero mais do que o ato de escrevê-las. é que hoje é um daqueles dias que a gente se inquieta com a vida pouca que nós temos para tantas coisas conhecer. Que sufoco é isso de viver num mundo de tantas possibilidades e ser um só, com apenas umas poucas habilidades😓😓😓.

Todo o vazio será preenchido com um verbo.
Toda inquietude será amenizada com um saber.
Todo ego será apagado com o padecer.
Toda frustração nasce com o não poder.
Todo cansaço vem do sono que não pude ter.
Toda fissura foi talhada pelo ciclo do envelhecer.
Todo sorriso foi feito para transbordar o Ser.

O tempo não passa só pra você saber.
A vida é um estágio que a gente bem que tenta vencer.
Todos os ciclos terminam, para mim e pra vocês.
E a hora que nos engole vorazmente, é só mais uma ideia a perecer.

Eu posso voar daqui para qualquer mundo,
mas ainda não sei como chegar até você.

Das incongruências desta vida,
Decifrar signos é a atividade que mais me arrasa neste labirinto de caminhos saborosos que eu adivinho só com a leitura que faço dos olhos de cada um que me pergunta, e agora o que resta para você?

Juliana S. Müller

domingo, 22 de outubro de 2017

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 Myanmar afogou Mohammed


domingo, dia 22 de outubro de 2017

eu não posso mestre.
eu não consigo abrir os olhos e não indignar-me, 
ao ver aquela criança tão minha, morta com o rosto atolado na lama.
eu não me interesso pelo kharma dela,
eu apenas sinto a sua dor.
é pequeno demais pra ser um corpo em lama.
e ingênuo demais para sofrer como um pecador.

eu não sei mestre, das vidas dele passada.
eu só sei do ser frágil caído naquele rio de lama 
que não o salvou de nenhum sofrimento atroz.
eu não posso ver outro rosto se não o da minha prole
gemendo, angustiando, enquanto eu nada posso fazer.

eu afundei junto naquela lama.
e engoli a mesma água sufocante.
eu gritei pela minha mãe assim como aquela criança.
pequena demais para ser vitrine da atrocidade humana.
das diferenças mundanas, que só têm relevância neste vale de lágrimas mordaz.

eu não controlei meus músculos faciais mestre,
eu chorei, 
eu confesso mestre,
chorei.
é meu semelhante que afogou ali,
é meu semelhante que foge todo dia da perseguição assistida.
me desculpe mestre, 
eu me envolvi nesta energia,
eu não evolui neste longo dia,
eu apenas sofri.
eu pequei mestre,
eu não lavarei a minha alma,
eu levarei a dor do mundo por onde eu seguir.

uma imagem mestre...
uma imagem e eu sucumbi.

Juliana S. Müller.

domingo, 15 de outubro de 2017

Projeção

Eu aprendi a me projetar.
E agora que o universo é o meu limite, vigiarei todos os teus passos.
Saltarei todas as noites do meu corpo e
Procurarei por você.
Te visitarei noite após noite,
Só para ter certeza que as tuas páginas continuam fiéis a minha beleza.
Não me contentarei com sonhos abstratos entre nós dois.
Agora estarei sempre nos teus sapatos.
Te beijarei os lábios.
Te apalparei as coxas e você procurará a origem de toda aquela sensação invisível aos teus dois olhos claros.
Eu voarei todas as noites e me deitarei ao teu lado, até o dia em que você acorde e perceba o meu estado.
Nós voaremos juntos pelo mundo, e descobriremos juntos versos inabitados.
E nossos corpos sutis sentirão as correntes do nosso amor, como jamais sentiram nossos ossos e músculos plásticos.
Após ler esse poema aceitará o meu convite e ao deitar seus lindos cabelos loiros no travesseiro. Agarrará a minha mão e começaremos uma nova novela.
Não há o que temer.
A única diferença é que, a partir de agora, não esqueceremos jamais de nossas noites sigilosas.

A quem intetessar possa.

Juliana S. Müller.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Eu olhei nos teus olhos e vi o desperdício de uma vida inteira.
Eles não brilhavam.
Eles não guardavam o universo em si.
Não.
Seus olhos estavam úmidos. Empoeirados.
Eles fingiam uma tristeza.
Uma depressão comprada nas farmácias.
Você gastando uma encarnação inteira com essas besteiras que não acredita.
Que dissimula.
Interpreta em teu personagem.
Burrice menina. Burrice.
Ninguém vai te aplaudir no final.
Ninguém vai lamentar pela tua vida miserável.
A miséria não tem nada a ver com a pobreza do corpo.
A miséria tem a ver com a tua incapacidade de ser feliz e perceber o mundo.
Você é miserável.
De uma miserabilidade que não será perdoada.
Você vai enlouquecer quando se despir desta roupa.
Você vai chorar e dar trabalho para todos do outro lado.
Tua imaginação não é capaz de intuir o que te espera lá.
Você não queimará.
Você não será torturada.
Mas irá enlouquecer,
E gastará outra existência, até ser recuperada.

Juliana S. Müller.