quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Só escrevo para você quando estou bêbada.

se eu voltar será para te olhar nos olhos.
mesmo que eles sejam repugnantes.
Mesmo que o tempo entre você e eu tenha queimado os amores,
os versos persistem, foram feitos para a eternidade.
em todos os cantos dos multiversos o nosso sopro de poesia vai estar.
Para aonde eu for, levarei nossos poemas comigo.

Mas eu não volto, você sabe.
Por isso não me responde mais.
Um dia desses apareço na tua página
e então você terá que me encarar, cara.

Vai olhar para dentro do meu corpo
e extrair do meu sangue o vinho que te embriaga
e te instiga e te faz querer escrever sem parar.
De mim você não vai se livrar,
Não sei quantas musas receberam suas juras de amor.
Mas poeta tenho certeza. Uma.

Você vai voltar,
e quando voltar terá um livro pra descobrir.
Em seu nome.
Você será conhecido pela pela mão da Musa que te pariu.
Você será ridicularizado pela poeta que o feriu.

Você se esconde em todos as sombras do existir,
mas nos versos te acho, e me encaixo ao seu lado.
E te espio daqui da minha cama,
Te reprovo. Você não vale mais do que essa noite de histeria.

Eu não tenho como voltar,
vocÊ entende?

Fui outra, uma Deusa, uma moça
com a qual eu mesma casaria,
Hoje sou pranto que eu jamais encararia.

Sorte tua ter ficado com a Musa,
A poeta não vale mais do que essas linhas.

Juliana S. Müller.

O encontro

Eu vejo o seu nome Percy,
uma, duas, três vezes na mesma semana.
Até muito pouco, você não exitia.
Agora se mostra e me chama para segui-lo naquela trilha.
Eu vou.
Levo somente a vontade de encontrá-los.
Me oriento pelas pegadas que você deixou na Terra.
Encontro sinais, eles me bastam.
Não temo a morte pela boca dos índios.
Eles me reconhecem, eles me esperam em suas ocas.
Eu alimento o meu corpo e purifico meu espírito.
Os protetores do antigo templo me preparam para a sua chegada.
Eu sorrio, eu levito.
Eu não destoo do que vejo, eu me replico neles e eles me beijam.
Depois de dias naquela tribo,
experimentando nenhum medo.
Me deixam ir.
Me passam coordenadas que eu não compreendo.
Continuo seguindo seus passos Percy.
Não me perco, na selva eu vejo com os olhos das aves.
E a intenção que me move é ancestral.
Vislumbro nossos amigos de pele dourada e cabelos negros.
Olá Percy, sabia que viria para a minha chegada.
Obrigada pelo chamado.
Você continua fazendo história.
Entro para o centro da Terra.
Percy apenas me encara.

Agora vocês me procuram,
e eu não quero mais nada.
O que meu corpo experimenta é a recordação,
das cores, dos cheiros, das sombras e do sabor d'água.
Eu penso em vocês que pisam em nossas cabeças.
E não acredito na verdade que vos falta.
Eu levito como bolhas de sabão e vocês rastejam como cobras.
Não sinto pena, não sinto.
A estrela que brilha aqui incendeia as nossas almas.

Eu sento.
penso no meu filho, choro.
meu coração fala com ele todos os dias.
ele sabe da minha partida.
ele me ouve e me procura.
eu não posso buscá-lo,
mas estarei esperando no portão,
e quando chegar até aqui, nossa família celebrará o grande encontro.
Seu acento está esperando pelo seu aconchego.
você já se aproxima de nós.
Quando encontrar o caminho na selva, não regressará jamais.
Enquanto você não vem,
eu te nino em meus braços,
te conforto e aconchego.
A vida é bela demais com você por perto.
Transbordo, rebento.
repenso.
A vida é demais com você em meu templo.

Juliana S. Müller. 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Califórnia queima.

Bonsoir amigos e leitores queridos. O poema de hoje é refrescante e apaixonado.
É bom relaxar no meio de tanto caos instaurado. Quem acompanha as notícias do mundo, sabe que estamos cavando um imenso buraco. Contudo, nada termina aqui, sempre haverá outros pontos, e vírgulas até o ponto final. Então vamos relaxar o espírito com um pouco de liberdade poética.

beijim e um ótimo dia para todos que me lêem e para os que acompanham a minha escrita.


07 de dezembro de 2017. quinta-feira

Primeiro eu conheci a Califórnia pelos olhos do cinema Americano.
Eu gostei, mas não me apaixonei.
Depois eu conheci a Califórnia através da era hippie,
simpatizei, sintonizei, mas não me apaixonei.
E por último e muito mais alarmante,
conheci a Califórnia pela língua vulgar daquele velho traumatizado.
Ele fez o que todos que me seduzem fazem;
Me chocou com a sua infeliz realidade.

Me convenceu a viver em um quarto miserável,
e me desprender de qualquer ordem e sanidade.
Ele me libertou dos meus pudores cristãos, 
e me deixou cara à cara com o meu escárnio.
Andei pelas ruas dos guetos de Los Angeles,
ouvi todas aquelas sirenes invadindo a cidade.
Conheci os cenários mais sórdidos, e me acostumei
me apaixonei por essa vida à revelia.
Foi pela voz rouca embriagada do velho intrépido,
que me apaixonei definitivamente pela Califórnia insolente.
Mas como todo amor tem um fim trágico...

Califórnia foi vendida para a tecnologia,
e os velhos hippies de trajes nada sofisticados foram vilipendiados,
assim como a harmonia entre, cultura e mercado, divorciados.
Hoje minha paixão queima, 
ardem as labaredas por todos os lados.
Em comum acordo entre hippies e nativos,
decidimos que nossa história teria um fim memorável.
Incendiamos a Califórnia.
Enquanto acendíamos o nosso último baseado.

Juliana S. MÜLLER.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Pensamento diário

SEXTA-FEIRA dia 01.12.2017

Ela sentou na varanda e esperou,
De repente o pensamento veio.
Era meio da tarde, o bebê dormia.
Ela aproveitou o momento para pensar,
lembrou imediatamente do filósofo que dizia,
"trabalho enquanto repouso, descanso enquanto carpino".

O trabalho é ofício de todos,
nem todos têm reconhecimento,
uns são pagos com ouro,
outros com linchamentos.

Esses versos ela fez foi de momento,
Tem dias que a veia é solta,
outros estancada como pavimento.
Hoje ela estava com o tempo livre para ser.
Mediu as últimas notícias do dia,
e sentiu que não valia o sofrer.
O mundo não acabaria com a vida,
mas a vida de muitos iriam padecer.
Ela só pensava na lista de compras,
e onde estocar tanto alimento sem ninguém perceber.
O importante era manter o corpo aquecido,
e a barriga das crias cheias por longos anos.
Na verdade só os mestres saberiam como tudo ia acontecer.

E foi esse o pensamento do dia,
Não adiantava mais maquinar a salvação do mundo.
Poucos sabiam,
mas em alguns meses toda a Terra iria escurecer.
Ela disso já entendia,
só não conseguia ainda era,
lidar com o espanto dos outros enquanto ela guardava em segredo completo,
a história que um velho lhe contara há muito tempo,
muito antes do bebê nascer.
Por alguns anos esquecera do narrado,
mas agora com as notícias que lhe trouxeram,
Não era difícil reconhecer aquela história  que,
se passava todos os dias perante seus olhos
 sem nenhum outro olhar atento para perceber.
Ela olhou para o céu azulado, e lembrou de fotografá-lo.
Seria importante que as crianças soubessem que,
o mundo fora um lugar agradável antes de toda a história da Terra anoitecer.

Lembrou de colocar mais um item na lista,
um casaco vermelho pro bebê.

Juliana S. Müller.