sábado, 11 de março de 2017

Poème de samedi

Bonjour leitores e amigos queridos, um poema para sábado que é dia de ser um pouco mais livre e um pouco menos  tímido.

Bom fim de semana, e até mais.
bisous

sábado, 11 de março de 2017.


Poemas pra encher linguiça.

nem toda experiência vira poesia.
Algumas a gente inventa, outras recria.

Não sou nada além de tudo o que me criam.
Sou face de um, de outro, sou partes de outras vindas.

Há quem me reconhece, e uma minoria convicta,
mas há quem não compadece de minha divindade tão nítida.

Vivem flores silvestres, morrem flores domésticas,
O manjericão é flor que cresce só pra matar minhas expectativas.

Todo manjericão padece depois de perfumar a casa que o cria.
Todo coração enrijece com a falta de autoestima.
Toda mãe desatina com as noites insones da cria.
Todo corpo envelhece com a falta de adrenalina.

TODO VERSO É MESTRE PRA QUEM APRENDE COM A ALMA O QUE NA CARNE OBSCURECE .

De sua Juh....

quarta-feira, 8 de março de 2017

Sentimento do mundo: MULHER.

Bom dia flores do dia, hoje é um dia lindo e imensamente contagiante. Primeiro que é dia internacional das Mulheres e segundo que meu filho faz seis meses de vida na Terra, então é um dia para ser duplamente comemorado. 
Eu escrevi um texto hoje que eu nem sei como consegui, pois o tempo com o Caê é escasso e eu sempre tenho que escolher entre dormir, comer, limpar a casa, cortar as unhas dele enquanto dorme. Mas hoje deixei tudo pra lá só pra escrever o meu relato. Há muito que tento escrever o minha experiência como mulher em versos, mas parece ficar sempre obscuro e duvidoso. Hoje tive que por em prosa, porque não cabem nas rimas, o que eu senti vontade de compartilhar com vocês. 
Não escrevi esse texto com medo, nem angústia, nem ressentimento, apenas escrevi o que pra mim já é roupa batida, vivo comigo há tantos séculos que já não me surpreendo mais com o que sai de mim. 
Então deixarei para vocês um esboço do como eu me sinto mulher neste mundo, e algumas experiências com as quais me deparei ao longo da vida.

Há muitos anos eu escrevo sobre o dia das mulheres. E não há nada em mim tão natural quanto o orgulho que sinto em ser mulher. Desde que sou capaz de recordar sempre amei ser mulher. Por muitos motivos diferentes em muitos períodos diferentes eu me orgulhei de ser mulher, e ainda na minha pré-adolescência já era uma feminista mesmo mal conhecendo seu significado. Não sei como tive conhecimento da palavra feminista, nem de seu sentido, mas sei que aos 12 anos eu era bem mais radical do que aos 25. Naturalmente eu não tinha experimentado ainda o amor dos homens, por isso os considerava eternos inimigos. (Com ressalvas para o amor paterno, que tive a sorte de receber de todos os homens mais velhos da família, pai avô, tios). Mas eu não amava os homens nem os admirava como admirava as mulheres, Eu me orgulhava por não ser como eles, eu os abominava por serem tão facilmente manipuláveis pelas mulheres. Eu via minhas amigas fazendo isso todos os dias, elas usavam de seus encantos para persuadi-los a fazerem o que ela desejassem. Assim foi o início da minha adolescência, parecia que eu estava do lado de fora de tudo, sempre observando os movimentos das meninas e dos meninos, com ênfase de os meninos serem quase sempre bem mais velhos do que as meninas, o que é bem comum nos relacionamentos, já que as mulheres quase sempre amadurecem muito antes do que os homens. Não me perguntem o porquê, essa é apenas uma constatação e não um embasamento científico. Então ao ver na minha adolescência no início das minhas relações com o mundo o quanto os homens eram frágeis e impotentes perante o poder sexual, manipulador e psicológico de uma mulher, eu decidi que éramos muito melhores do que eles, e assim eu pensaria por muitos anos ainda.
Durante minha adolescência eu fiquei com inúmeros rapazes, e nunca vou esquecer da sensação de desprezo que sentia após beijar cada um deles. Era uma sensação rotineira, ia lá, beijava, depois não queria nem ver na frente, era só o prazer da conquista, só. Morria de medo de algum deles desejar um relacionamento sério, porque era impossível um namoro com seres tão involuídos. Então eu ficava no máximo duas vezes com o mesmo menino, e depois dava o fora. A maioria não ligava, alguns insistiam, e outros eu me esquivava. Foi assim por muito tempo, uns quatro anos juvenis. Eu me apaixonei por alguns e obtive recusas, mas as paixões duravam o tempo da conquista, depois de conquistar, a graça do amor logo se esvaía. Algumas vezes me sentia mal por ser assim, outras sentia-me livre como uma andorinha, dizia que seria mãe solo, independente e rica. Eu ainda não sei de onde vieram essas ideias, porque não são coisas que as pessoas me diziam. Todas as mulheres da minha família casaram por amor e alimentam seus casamentos até hoje pelo mesmo motivo. Então esse estranhamento e eterna desconfiança que eu sentia pelo sexo masculino vinha unicamente de mim, possivelmente estava guardado em meu gene, de uma vida anterior, de experiências que eu não posso recordar por serem de vidas outras, mas que certamente deixaram um alerta na minha mente. Eu nunca tive ingenuidade, tenho certeza disso, desde criança desconfio dos homens, nem o mais amável me parecia confiável. E isso se intensificou muito na puberdade, na juventude e na maturidade. Na adolescência fiz inúmeros amigos homens, me identificava muito com a irmandade, cumplicidade, lealdade, e desapego com a imagem que os meninos tinham com os seus pares. As meninas eram competitivas, fofoqueiras, más, desleais, e muito interesseiras, sem contar a parte em que a vida toda era voltada para a conquista dos homens. Eu tinha certeza na adolescência que os homens eram muito melhores amigos do que as mulheres, era assim que eu me sentia sempre, embora eu desconfiasse dos homens, e me sentisse superior a eles. Mas eu gostava da forma como se relacionavam entre si, e nisso desprezava imensamente as mulheres. Portanto na adolescência eu era capaz de afirmar que sim a amizade entre homens e mulheres era possível, e acima de tudo necessária. Mas aos 16 anos era impossível conversar com os meninos, nesse momento eu já estava experimentando o mundo com todas as minhas forças, enquanto eles ainda brincavam de vídeo-game. Era desolador, meninos com barba, altos, desenvolvidos fisicamente, completamente mirrados socialmente. Foi quando me voltei para a amizade com as meninas novamente, só elas entendiam as minhas descobertas e o relacionamento maduro que eu desejava ter. Os meninos pobres coitados, não sabiam o que esperar de suas vidas, poucos sabiam a profissão que desejariam ter, estavam se preparando para as universidades, ou sequer tinham beijado uma menina. Por isso os relacionamentos eram feitos entre meninas adolescentes e rapazes maiores de idade, porque era impossível se relacionar com um rapaz da mesma idade. A disparidade de ideias e experiências era inacreditável. Foi quando aos 17 me apaixonei por um homem 15 anos mais velho, músico (baterista), que lia, tinha experimentado o mundo como nenhum dos homens que eu conhecia tinha experimentado antes. Cozinhava maravilhosamente, entendia de vinhos, e principalmente, muito principalmente tinha uma vida espiritualizada. Foi esse um momento de ruptura na minha vida, quase tudo o que eu sabia sobre homens caía por terra. Toda aquela literatura que eu vinha lendo se transformou em vida, eu sempre acreditei que encontraria esse homem, só não esperava tão cedo. E foi quando eu me vi completamente desprevenida para o que viria.
Cordialidade, eu nunca , jamais fui uma pessoa cordial com qualquer pessoa na minha vida, sempre fui egoísta, e meu ideal feminista implícito de alguma forma no meu DNA me encorajava a ser ríspida com os homens e nenhum pouco afetiva. Foi quando conheci um homem que também se apaixonou por mim, mesmo sabendo das dificuldades que viriam, das discrepâncias pela idade, dos preconceitos nossos e alheios, e principalmente dos momentos tão distintos entre nós. Quando conheci esse homem que me fascinava, e ainda me amava mesmo com todos os meus inúmeros defeitos, porque eu me achava bem defeituosa (fisicamente é claro, porque intelectualmente sempre fui muito segura de mim), eu não imaginava que teria que mudar tanto para poder continuar me relacionando com ele. Nunca esquecerei que quando ele chegava na minha casa, minha irmã e minha mãe ofereciam água, café, algo pra comer e eu permanecia lá, sentada ao lado dele sem perceber nada disso, não via qualquer obrigação de ser gentil e lhe oferecer algo. Foi depois de inúmeras chamadas das mulheres da minha família e constrangimentos dele, que percebi o quanto ser feminista poderia me atrapalhar nesse relacionamento que eu tanto prezava. E lembrei do dia em que fui servir a comida em uma janta na casa da minha tia, e um rapaz que eu era afim, mas nem tanto, me pediu que o servisse também, e eu olhei pra ele com muita indignação e disse: Eu não nasci pra servir homem!! Isso eu disse com orgulho, e ele ficou com a face igual os relógios de Dalí. Então pra eu entender que boa parte da minha relação se basearia em agradar o outro, ser gentil, independente se fosse ele homem ou mulher, foi muito difícil, porque eu já estava aprendendo a ser gentil com as mulheres há algum tempo, mas com os homens era algo que doía em mim. E foi deixando de ser dolorido quando eu percebi que doía menos quando você cozinhava algo que agradava a pessoa que você amava, que mostrar que você se importa é algo confortável em qualquer relação que você mantiver na sua vida. E assim eu fui me convertendo de uma mulher das cavernas, para uma mulher mais calma, apaziguada e finalmente ou quase gentil. Nos dois primeiros anos do meu relacionamento fui muito gentil, gentilíssima, o amor me converteu em alguém melhor não só pro meu atual marido como também pra minha família. Mas eu abri mão de ideologias que foram ficando insustentáveis, e por um tempo quase desacreditei na união e na amizade das mulheres, quase voltei ao período em que acreditava que amizade entre mulheres eram inviáveis devido à competição e à inveja. Mas aí vieram os homens curitibanos e me mostraram que os homens não sabem se relacionar com as mulheres apenas por amizade, que elogiar um homem, ou seu trabalho é querer algo mais do que apenas ser cordial e amigável. Eu aprendi e desaprendi rapidinho a confiar nos homens, a cidade na metrópole arrancou a última gota de ingenuidade que eu tanto cultivei em mim, não restou nada. Todo o amor e confiança que eu aprendi a ter para com os homens através do meu relacionamento com o meu marido, eu perdi com a vida na metrópole. O interesse dos homens pelos quais me aproximei porque os admirava e pelos quais desejava manter uma linda e longeva amizade, laços que gostaria de criar para a posterioridade, pelo trabalho, pelas parcerias que poderiam se concretizar, viraram pó, porque os homens viram a imagem, se vislumbraram e esqueceram da amizade. Foi depois de três anos tentando estabelecer vínculos com amigos homens, que cheguei ao ápice de receber o assédio moral de um professor, que rompeu a barreira da amizade e com palavras arrancou de mim toda a desconfiança e admiração que eu nutria por sua pessoa. Desde então decidi parecer menos interessante fisicamente, e eu que era imensamente satisfeita com meu corpo, mente e alma, fui procurando de todas as formas me desconstruir, mas foi só quando cortei o cabelo que os assédios na rua deixaram de existir, foi um alívio, porque só nesse momento percebi que passava a ser invisível aos olhos dos homens. Consegui me neutralizar na sociedade, por um tempo foi muito reconfortante. mas logo eu desentristeci e achei que já podia voltar ao mundo com minha vaidade. Porque não sofreria mais na tentativa de firmar parcerias, nem tentaria ser cordial, nem gentil, nem amigável com nenhum homem que eu admirasse, porque das flores que eu colhi tudo o que aprendi foi a manter o espírito e o corpo invioláveis. Às vezes leio poemas de autores contemporâneos e sinto um desejo incontrolável de elogiar, de mostrar como aquilo foi profundo e bonito, mas há sim um bloqueio e não me permito, há um medo de ser mal interpretada e por isso prefiro guardar todos os elogios para as mulheres que eu admiro e aos homens que ainda confio, pai, irmão, avô, marido e filho. São esses os homens que ainda têm o meu amor mesmo que aos pouquinhos.  Vai ver por isso o cosmos me mandou um filho homem, pra ver se restauro a minha confiança no mundo através do amor que nunca fui capaz de depositar em nenhum homem, ou talvez pra eu criar um homem melhor pra esse mundo, um homem que seja completamente diferente dos que conheci e que provavelmente conhecerei. Espero sinceramente ao desencarnar deste mundo, ter deixado dois homens sensíveis e feministas, um eu sei que já ajudei a melhorar muito, o outro eu só posso esperar o tempo passar e ver o que fica dos valores que a gente acredita transmitir e dos amores que tentamos imprimir neles.

OBS: Sei que não me fiz tão esclarecida com esse texto, e percebam que o principal motivo para escrevê-lo é porque sinto a necessidade de escrever algo neste dia para os meus leitores. Mas como não tenho mesmo muito tempo para escrever agora, deixo esse breve relato da minha experiência feminina impressa nestas palavras que muito pouco podem retratar dos intensos momentos que experimentei vivendo o mundo desde que saí da minha cidadezinha e passei a viver em Curitiba.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

pendant la gestation...

Bonjour amigos e leitores queridinhos, todos os processos dentro de mim são lentos, muito lentos. Tudo em mim demora para ser assimilado, digerido e só então degustado, é o inverso do processo natural da vida, mas assim é o meu ritmo, eu primeiro vivo, e por último sinto o que vivi.
Com a gestação do Caê foi assim, muitos sentimentos passaram por mim, e eu mal podia distinguir se era um processo do meu ser espiritual ou do meu corpo carnal. Acabei sintetizando e acreditando que os dois ocorreram ao mesmo tempo, enquanto meu corpo sofria com os processos químicos, físicos, meu espírito vinha sentindo as mudanças energéticas do espírito.
Com isso passei por algumas fases terríveis de mal humor, de isolamento, de sentir tudo impuro e indigno de nós dois. Os defeitos das pessoas passaram a ser intoleráveis, e suas qualidades imperceptíveis. Depois houve momentos de muita alegria, de comunhão com a barrigona, de beleza, de exaltação de amor. E todos esses momentos eu tentei apontar em textos, e muito pouco foi aproveitado, era tudo muito exaltado, então deixarei aqui um texto deste período da minha história, um momento único e memorável.

06 de junho de 2016, segunda-feira


No primeiro momento não acreditei, achei que fosse erro laboratorial.
Me assustei, olhei pra você e vi sorriso, mas eu estava congelada, gelada de susto.
Depois eu vi que por fora eu realmente havia mudado, mas por dentro eu não mudava.
E o susto virou angustia, e a angustia medo, muito medo de não ser mais só, de não ser mais livre, de não ter mais os mesmos sonhos, de abandonar o barco da escrita. Medo muito medo de ser responsável pela vida de um outro, de ter que aprender a amar, de desconstruir castelos, de enterrar caminhos antes estipulados. E o medo virou lágrima no olho que viu uma vida dentro do ventre, que ouviu um coração batendo latente e não era o seu, e então o dentro que não havia mudado, mudou. Virei do avesso, e a distância daquele som do coração, daquela mãozinha que acenava, foram dando lugar para a tristeza. Uma tristeza pelo o que eu não poderia dar ao filho que gerava, pelos anos que sonhei com esse momento e não vingou, e naquele momento tão insano, tão sem planos você veio e me frutificou. E a tristeza misturava com os enjoos, e a vontade de comer o que não se tinha, e tudo virou mal humor, e não havia mais risos, nem alegria, nem esperança, só preocupação e desgaste, e fome muita fome, e enjoo. Tudo era impuro, todo alimento parecia-me contaminado, era meu filho rejeitando o lixo por nós criado, e eu com fome muita fome, e não querendo comer, e não desejando o alimento que poderia nos abastecer. Depois cessaram os enjoos e veio a preocupação, a do nascimento, a do parto tão sonhado, tão natural e tão problematizado. E eu chamei, uma duas, três e nenhuma das vozes que chamei puderam me atender, todas disseram não. E a preocupação virou angústia e certeza, você viria ao mundo em meus braços, mesmo que para isso fosse somente nós os dois como no sonho que tive no início de tudo. E assim como o verão escaldante a preocupação ficou, deixando o frio outonal trazer o amor, o carinho que eu tanto buscava, e embora ainda não houvesse paz, havia a esperança, os braços e pernas que se moviam a todo instante me fazendo lembrar que eu nunca mais seria só, e se antes isso era angustiante neste instante soava reconfortante. Cada movimento seu é uma respiração minha aliviada, eu sei que você está bem, eu sei que você sorri, que você é luz, amor que eu não pude ser, porque você já me fez melhor, já construiu um novo castelo um que eu não FUI CAPAZ. Hoje eu sou sorriso, apenas a alegria e a paz habitam aqui, não há preocupações, não há restrições, tudo mudou, o outono secou e ficou o inverno. Eu invernei e mais uma vez me reinventei em você, e se o inverno me fechou na carne e na alma, agora sigo na calma, no reflexo oval do espelho, da barriga que cresce mais do que meus pelos. Toda a vontade de mastigar humanos, de me fazer menos matéria, de fugirmos os dois por outras esferas foi-se com os ventos de agosto. Agora só pratico yoga, deixo o corpo em repouso porque isso acalma. E agora a minha sorte será também a sua, e a sua vida salva a minha todos os dias. E quando sua luz vier ao mundo todos se curvarão diante de tamanha grandeza, porque você me modificou, me fez um ser mais puro para então descer ao mundo. Quando nossos olhos se tocarem todos os raios e trovões serão pequenos para nos ofuscar. Agora eu sou você, e você será todo o mar.



Juliana S. Müller

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

d'autre vie.

Buenas cariños, um poema pra vocês decifrarem.
Beijos e um bom dia.

quinta-feira dia 17 de novembro de 2016
A chama da vela é a mesma de sete anos passados,
O seu reflexo na televisão ainda me traz os mesmos pensamentos ocultos.
Eu não descobri o ideal secreto de ser aqui.

Sou o sincretismo dos eus que me fiz
Dos eus que não fui capaz de encobrir.
Os eus que por essa vinda me servi.

O reflexo da chama da vela na TV me trouxe você, pensamento escasso,
drama incurável de vidas acumuladas.
Sem enigmas, mas exibindo códigos
você foi pura minha menina
até começar a encobrir seus próprios ovos.

Agora, dama dos sojas que cobrem a tua pele
dançarina das ruas empoeiradas,
você perdida num redemoinho que surge no penumbral.
Um  anjo sem face que troca todo ano de pele.
Uma santa implorando fiéis.
Uma insana que perde o viés.
Uma louca que rima.

Pra quê usar de rima, se eu conheço a qualidade da tua poesia!
Eu já sei que teu fracasso é ser a única a refletir nos versos que teus são cria.

Juliana S. Müller.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

notre fils est né.

Bonjour amis, algumas coisas mais nasceram em mim além de um filho e um amor. Desde que a bolsa rompeu entrei em um estado exaltado da alma do qual só começo a regressar agora aos poucos. Mas já sei que muitas outras coisas foram embora, e outras nasceram. Ainda não sei nomear quais foram e quais chegaram, só sei que há algo diferente dentro de mim, e não tem a ver com o bebê, tem a ver com meu espírito renascendo de algum recanto escuro, submergindo de uma dimensão. Um dia quando o sentido não for mais oculto ele vira poesia e aí eu conto tudo.
Por enquanto vocês pode ficar com esse poema que terminei hoje.
Tenham uma linda semana.
amém.
Perdoem os erros, depois que o Caetano chegou fiquei ainda mais cega.

03 de setembro de 2016, segunda-feira

mesclando os dias.

conforme o sol gira
os gatos se apinham em frestas que vazam pelas janelas, em busca de seus raios tão escassos neste período do ano.
As sombras são a cena deste filme,
enquanto isso nós geramos o nosso filho.

Lá fora o vento faz festa varrendo as ruas das folhas secas.
É sábado e ninguém vai à feira.
Aqui todos preferem o sabor da fruta seca.

Eu que não sou gato, que sou forasteira
Não caço o sol nem vou às feiras,
Permaneço na mesma cama como uma enferma.
A verdade é que mudaram o cenário, mas a minha cena ...

Sempre escrevendo, sempre vendo o dia nascer e varrer para debaixo da minha poesia toda a vontade de ser lida.
Deus está a lá.
E eu estou aqui ouvindo as crianças saindo do colégio, enquanto nosso filho não ri.
Vou sendo uma imagem cubista que não se encaixa em nenhuma pintura renascentista.
Se você me visse assim com ele no colo no canto do quarto, me pediria para ficar ali, quietinha sendo fotografada pelos olhos que já não vejo mais aqui.
E suas lentes armariam o maior pampeiro só para me ver descolorir os versos que andavam presos numa prosa que eu não confio, numa prosa que não diz nada de mim.

De sua Juh...

terça-feira, 16 de agosto de 2016

les jours qui sont heureuses

Bom dia, deixo toda essa magia e movimento do nascimento de um novo e vigorante dia de inverno que parece primavera, que remexe na nossa alma.
Tenham uma ótima semana.

Eu adoro os dias depois de uma intensa e volumosa chuva,
são os dias mais felizes, mais radiantes mais pulsantes.
Dias como este me fazem vibrar na minha mais alta voltagem,
meus pelos do corpo conduzem toda a eletricidade do mundo aqui
direto para o centro do meu ventre, e fazem nascer dele todo o ritmo
todos os movimentos esquecidos pelo frio e pela chuva sombrosa.
Toda a música do Caetano gira em meu corpo e me move para todos os cantos de mim.
AMO.
Sou força que é rebento.
Sou dama que conduz o vento.
Sou luz de poste cor de laranja.
Sou a sombra trêmula da água no telhado.

Nestes dias ideais sou o escopo do mundo.
Sou tudo o que me negam nos dias normais.

Nestes dias ninguém me visita,
Porque nestes dias eu sou a única.
Sou toda.
Sou vida.

E caso alguém duvide dessa minha mentira.
Os gatos sempre comungam da mesma energia.
Eles sempre confirmam essa minha mania.

De sua Juh...

sábado, 30 de julho de 2016

Bonjour lecteurs et amis, le poème d'aujourd'hui a eté publié dans l'antologie poètique intitulé 
''Voyage autour du monde (en 80 poèmes ?)" en février de cette anneé de 2016. J'ai me oublié de publier ce poème et maintenant je voudrais de partager avec vous mes amis cette lecture.
Vous devez excuse mon français qui est terrible.
Bisous et bon week-end.

Bonjour meus leitores e amigos queridos, o poema de hoje foi publicado em uma antologia francesa intitulada "Viagem ao redor do mundo (em 80 poemas?)" no início deste ano de 2016. E eu acabei esquecendo de dividir esse momento e essa leitura com vocês, então se quiserem apreciar um pouco do idioma francês aproveitem.
Beijos e bom fim de semana.

Je me suis levé avec la nostalgie de mon sertão
J’ai rêvé que je rentrais et j’ai senti
Le désir du retour lorsque je me suis réveillé.
Ce qui me manque c’est la tranquillité de ce lieu
C’est le vent froid qui souffle lorsque
La pluie tempétueuse est sur le point de tomber
C’était bon de prendre un bain de pluie dans ces rues
Courir avec les enfants au bas des rues
Et sentir le poids des eaux froides dans le dos
Je ne peux pas avoir d’enfants
parce qu’ici je ne peux pas les élever
Cela serai pour moi une folie et un égoïsme infini
Je reconnais a quel point cette ville m’a apporté
Mais je n’arrête pas de penser aux jours heureux que j’ai passé
Au coté de tous ceux que j’aime dans mon lointain village.
                                          
                                                  (traduction Christine Foucault)

sábado, 8 de outubro de 2011

Acordei com saudades do meu sertão,
Sonhei que voltava, e senti
O desejo do regresso quando despertei.
Sinto falta da tranquilidade daquele lugar,
Do vento gelado que vem soprando, quando
A chuva tempestuosa está pra chegar.
Era bom tomar banho de chuva nas ruas,
Correr com as crianças em baixo das calhas,
E sentir o peso da água gelada nas costas.
Não posso ter filhos, porque aqui não posso criá-los,
Isso seria em mim loucura e egoísmo INFINITO.
Reconheço quão esta cidade tem me proporcionado,
Mas não deixo de pensar nos dias felizes que tive
Junto de todos que amo no meu LONGÍNQUO povoado.

Juliana S. Müller

quinta-feira, 28 de julho de 2016

être mère c'est avoir peur d'oublier qui on a eté avant d'avoir fils

Bonjour. O maior medo de toda a minha jornada foi perder o domínio da minha vida, foi deixar que qualquer um tomasse meu tempo, que minhas horas fossem dedicadas ao outro. Sempre usei meu tempo para mim, sempre destinei meus sonhos ao meu ego. E agora sou despida do meu último apego, o meu egoísmo agora não fará mais sentido. Tudo o que há em mim será teu meu filho, nada mais me pertence. Pelo menos nos próximos anos terei de ser tua, e como ficam as minhas figuras? Não sei quanto amor há em mim para suportar tamanha doação, não sei quanta força há em mim para viver tamanha devoção. Que você vem ensinar isso eu já sei, isso estou sabendo porque sigo vivendo, e cada dia, cada semana uma nova escolha nasce e uma certeza morre. Tudo o que senti desde que te vi nos meus sonhos foi a certeza de que nada mais seria solidão, mas também nada mais seria solitude, tudo já é você e eu dançando juntos.
Não tenho medo da dor, não tenho medo das durezas, tenho medo de me perder em um isolamento de amores, tenho medo de por você esquecer os meus louvores, esquecer quem eu sou, quem eu fui. Encarnar o papel de mãe mais do que o de mulher, ser uma pequena flor diante de teus pés. 
Mas não se preocupe pequeno, de todos esses medos eu me esqueço se for pra te ver voar, me faço tapete pra não te ver tropeçar.
Não tenhamos receios do que ainda é sofisma.

28 de julho de 2016. 

Mãe que me concebeu, você também tinha planos como eu?
O que você fez com os danos que te causei.
Como procedeu quando mais um filho nasceu?
Meu primeiro filho vem vindo e eu mal posso imaginar o que farei com meus livros?
Como seguirei minha vida nos próximos anos?
Como direi pro meu ego que meu tempo não será mais dele?
Que a minha trilha agora é cega e torpe.
Que toda a certeza será sua vinda,
O resto são torturas pré-concebidas.
Como escolher entre este e aquele,
Como adivinhar quais serão os macetes?

Mãe eu não sei mais onde procurar uma escada pra me apoiar.
Todos os meus sonhos morreram neste desterro.
E agora tudo o que vejo é a semente que cresce na minha barriga.
Serei mãe e não mais filha.
Serei ele não serei mais minha.
O último domínio sobre meu corpo se esvai como água-viva.
Nada mais me pertence, 
Sou a sombra de uma menina.
Tudo o que guardei no bolso caiu no meio da rua.
Escorreguei em meus próprios sonhos
e te gerei numa noite quente.

Tenho medo de que meu maior trunfo seja sua vinda em tempos descrentes.

Você o nobre e eu a mãe que beija o pé do filho sem dentes.

Juliana S. Müller.

sábado, 16 de julho de 2016

Juliana S. Müller
A evolução nos afasta das pessoas que mais amamos, é assim todo processo, por isso estou dando um descanso. Quando meu filho nascer vamos ter que ir pra outro recanto. Só olhando no espelho pra perceber o quanto estou desfigurada de mim mesma, da minha alma serena, do meu criacionismo sem arestas, não sou mais a arte de outrora nem a magia dos lares, eu sou os olhos que me julgam, os lábios que sarcasticamente querem me punir. Eu sou a inquisidora. Eu sou a calculadora que mede, que soma, que precisa mostrar resultados pra sua dona. Mas eu estou no fim do meu século, eu estou me iniciando em sequências da vida que prefiro não racionalizar. Eu alterando minha voz, eu recriminando os animais, eu sendo o pior lado de todos vocês, eu injetando veneno na glândula pineal. Me banhem em luz violeta, me reguem com cores corais, me salvem desta espiral que me carrega como a correnteza das águas mais anômalas, que empobrece meu diálogo, que me cala, que me cala, que me cala, que me cala que me cala até quando penso estar balbuciando algo a mais.
Sábado, dia 16 de julho de 2016.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Bonjour queridos leitores e amigos, esses versos de hoje são da série - Poemas que me vêm em sonhos. 

10 DE JULHO DE 2016

Aqui onde todos usam negro, 
tu flor rubra és única neste desterro.

Juliana S. Müller 

sábado, 2 de julho de 2016

Bonjour queridos leitores e amigos, um poema de sol para um dia radiante como só o inverno pode proporcionar sem causar cansaço.

Bisous.

11 de abril de 2016. 

Nenhuma folha permanecerá intacta quando você desembarcar no meu sertão.
Todos os rios congelarão para te ver nascer.
As árvores se voltarão e pedirão licença aos seus pés.
Os animais farão reverência perante teus olhos.
E eu mulher simples que sou, sangrarei meu coração, para ver o teu amor passar...

Juliana S. Müller.

sábado, 18 de junho de 2016

Bonjour, às vezes maquino o que vem, mas as vezes deixo que vaze, que saia para além de mim as palavras que me dominam e não o contrário. Não há nada que eu possa fazer para que todos possam compreender o que sai daqui de dentro, gostaria de ser sempre eloquente e eficaz, mas às vezes sou só um quebra-cabeça sem encaixes, sem harmonia e que já não se conecta mais.
O poema de hoje é uma Coisa, foi saindo da minha vontade de não deixar esse pequeno espaço de paz fugir, e ainda assim ela já foi, mas ficou o poema, e todas as vezes que olhar pra ele saberei que esse momento deveras existiu .

Sábado, dia 18 de junho de 2016
ser livre da tristeza, ser livre da incumbência de ser algo, 
Soar despretensiosa sem ter a intenção de ser.
Ser.
transparecer mais do que o último dia.
Apenas sentir, sentir, sentir...
Esquecer a palavra que empaca (difícil),
só há solução, sonhos que vêm e traduzem a alma.
mensagens do onírico que decifram a vida tridimensional.
E tudo sempre está em paz...
Não em mim, nem em você
O universo é silencioso e pacífico. Mas nós não.
a nossa é a vez de sermos barulhentos e eloquentes.
Um dia seremos pacíficos, por enquanto, somos sementes.
Ainda queimaremos uma vida por comermos só o verde.
Todas as escolhas grandiosas nos são caras e solitárias,
Eu assisto a isso, e preferia não contar a história.
Mas você me pergunta e já não me esquivo.
Eu respondo, eu argumento e não persuado.
O que digo e não me calo, só vale para quem já está encaminhado.
Aquele que dorme o sono dos "sábios" perderá a chance de me ter ao seu lado.
Acorde! Acorde!
Já estamos passando pelo aquário, 
Enquanto você piscava nós deslocamos o eixo do Estado.
Agora você escorre pelo paralelo bifurcado.

Não nos encontraremos no fim.
Eu vou com os santos e você com os safos.

Juliana S. Müller.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Esse poema me veio em forma de sonho, nunca um poema me fora dado de forma tão nítida em sonho, esse sendo o primeiro faço questão de compartilhar aqui. Não sei se configuraria esses versos como Haikai, mas como o sonho se passava no japão tenho pra mim que era essa a intenção. Então esse seria meu primeiro haikai, tão inusitado quanto a minha incapacidade de produzir versos tão curtos e com efeito intenso.

          A CADA ESCADA MIA QUE SUBIA,
           ERA A MIA POESIA QUE DESCIA.


Juliana S. Muller

sábado, 4 de junho de 2016

Bonjour chéris, um poema pra quebrar o gelo dos dias frios e dispersar da alma as lembranças que congelam com o tempo e chegam um dia não dissolvem mais.
Tenham um bom fim de semana.
Bejokinhas

bisous.


O nosso tempo de nuvens escuras acabou.
as sombras que você levantou contra mim, eu dissipei.
mas na alma ainda trago os detalhes daqueles dias inv(f)ernais.
e disso infelizmente não livrei meu kharma.
Desde que hoje não se repita o ontem eu aceito ter você.
Mas se voltares a por nuvens em meu coração, desta vez não terá volta.
Fecho as portas, carrego meu livro, meu filho, meu disco e vou viver sem mais.
Dos dias que se foram, só te perdoo, por não havê-los mais.

Juliana S. Müller

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Bonjour monde. O calor do interior do mundo derrete tudo aquilo que nós construímos no frio da cidade pinhão.


https://www.youtube.com/watch?v=m4E3b5RXlQ8&list=PL4EFTBSXGjtDyffX2NAkHfREwZXTmYlLU&index=8



14 de abril de 2016. quinta-feira

Você sabe que nada do que sai de mim é realmente bom.
Você desconfia, me olha de canto e entende o meu mal.
Despede-se todos os dias do meu cansaço eterno de ser.
E veste a camiseta que um dia serviu em você.
Seus olhos, seus olhos me lembram aquela cidade dos pinhões.
Fomos realmente felizes lá, você concorda?
E hoje penso que poderíamos ter prolongado a insanidade daqueles dias.
Versificado mais nossas últimas companhias,
Mas nós fomos pro outro lado do mundo,
Desistimos desse cansaço eterno de ser num mundo de poucos.
E agora somos os poucos dessa cidade que sabem o que é Ser.
Se eu pudesse meu amor, neste dia de sol eu me mudaria com você
Não precisaríamos de destino, por onde você escorrer, eu te sigo.

independente do sítio, ainda teremos um filho.


Juliana S. Müller.

sábado, 2 de abril de 2016

Nenhuma folha permanecerá intacta quando você desembarcar no meu sertão.
Todos os rios congelarão para te ver nascer.
As árvores se voltarão e pedirão licença aos seus pés.
Os animais farão reverência perante teus olhos.
E eu mulher simples que sou sangrarei meu coração para ver o teu amor passar...


Juliana S. Müller.
desenho feito por Mariana Rudek.

terça-feira, 22 de março de 2016

bonjour queridos e queridas, com toda certeza o poema de hoje não é o mais belo, o melhor ou o que me dará mais acessos, mas sem dúvidas é o que mais lágrimas de amor me enchem o rosto ao escrevê-lo, não fosse as palmas no portão e estaria chorando rios ainda.

Ai esses hormônios, esse chuvisco
botam a gente sensível como o diacho...

Palavras para Laura.


terça-feira, dia 22 de março de 2016
Os teus pés estavam lá, experimentando pela primeira vez a água do mar.
Sentindo as mini-crateras que o arrastar das ondas provocam na sola dos pés contra teu peso na areia.
E eu não estava lá porque não era mãe, porque era ninguém.
Mas eu senti a tua aura vibrar com a imensidão que poderia te levar pra sempre de mim.
Eu sei das batidas do teu coração ao descobrir que a água que te gerou é também a água que nutre teu corpo minúsculo.

Enquanto as palavras não vêm eu adivinho teus sonhos, tuas alegrias.
E me desdobro na tentativa de tirar da tua boca o sorriso mais sincero.

Eu não tenho muitas palavras para Laura, porque Laura é silêncio e meditação.
Mas eu poderia encher teu coração de adjetivos que não encontro em mim.
Espero que esses olhos que arrancaram de mim o amor mais intenso, arranque do mundo o ódio e devolva-o ao seu estado de nascimento – puro amor.
Enquanto você descobre a liberdade do caminhar, eu vou descobrindo você em cada verso em cada verbo que inutilizo pra te decifrar.

Juliana S. Müller.

terça-feira, 8 de março de 2016

Bom dia princesas, o poema de hoje é para o ser iluminado que é semente e semeador, que gera e é gerado. Espero que todas reflitam e entendam da importância que é ter um dia internacionalmente reconhecido, não foi por acaso que este oito de março nos foi guardado, então aproveitem para homenagear todas as mulheres que foram feridas em nome de uma causa maior. 
Quero agradecer minhas vós, minhas tias, primas, mãe. que abriram alas nesse mundo para que eu pudesse ter uma vida mais digna e bem menos mesquinha, e eu espero ajudar a construir um mundo ainda mais justo e digno pro filho que está sendo gerado no meu ventre de Mulher. 
Mulheres não percam essa característica que é tão nossa, a nossa capacidade de amar, não tornemo-nos frias e endurecidas como os homens, mas ensinemo-os como amar o mundo assim como nós temos feito todos esses anos.

Dois poemas que posto todos os anos desde que os concebi.
Para todas as mulheres que tanto me inspiram e para as que um dia eu inspirei.

20 de outubro de 2011, sábado.

Da graça sublimada na noite antepassada,
das luzes laranjadas dos postes escancaradas.
Da morte do ritmo da vanguarda,
do canto da voz trêmula ressecada.
Do utópico silêncio das madrugadas,
do coro da igreja assombrada.
Dá máquina in vitro de fazer mulher,
do acordo esquecido na noite de Baudelaire.
A fonte de tudo da poesia e da invida.
Os passos rachando o calcanhar e a ferida.
A doce bebida exalando à mentiras,
A amarga lembrança saboreando a esperança.
E o desejo de ser na vida a rainha,
De uma choupana.
O sonho explicitado,
 encorajando o acovardado.
A glória de uma batalha,
Rasgada pela navalha
Que recorta o pesadelo
E liberta o seu desejo,
E revela o seu ensejo.
Resguarda no ventre,
O segredo que a revela
A verdade sobre a mulher.

De sua Juh....

terça-feira, 28 de maio de 2013

A mulher francesa.

Na França as mulheres não se enganam.
Elas amam enquanto o sexo é bacana,
Na França as mulheres são liberais,
Elas flertam na frente de seus pares atuais.
O flerte na França quase nunca é sexual.
As mulheres são admiradas por sua sensualidade intelectual
Na França as mulheres são muito mais evoluídas,
Elas são sexys sendo clássicas e feministas.
Na França as mulheres não se escandalizam,
Lá je suis pacsé, dans Brésil, je suis belle amiga.
Na França a beleza da mulher é assimétrica
Exibem sorrisos amarelos e suas pernas tétricas.
Não sei o que ainda faço neste país tropical,
Onde a bunda e um par de coxas grotescas,
São mais valorosos do que seu intelectual.
Lá meu tom pálido seria vangloriado como
A visão do sol que é quase sempre escasso.
De sua Juh...

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Bonjour mes amis, a mensagem que trago para este novo ciclo é apenas mais uma forma de ser um pouco mais relevante com o nosso privilégio de estar aqui sendo algo.
Que o amor esteja acima de tudo.

Deste ano eu levo muito pouco do novo. Pouco foi colhido embora muito tenha sido plantado, tanto aconteceu em minha vida e tão pouco permaneceu em mim. Tantos desejos que outrora eram o pulso dos sonhos, se tornaram real e nada se pareceram com o sonho. Ou nada se pareceram ou quando aconteceram já não faziam mais cócegas.
Tudo me acontece, exatamente tudo o que me passa pela boca vira matéria, experiência concreta e no entanto poucas são as vezes que me exalto com esses acontecimentos. Este ano de tanto sentir o mundo perdi minha vontade que era tão própria, e passei a viver ainda mais o mundo, e de tanto ser plural voltei pro meu casulo, pra tentar redescobrir como é ser gente, como é ser humano, porque de tanto teorizar metamorfoseei-me em imagem abstrata, no mais puro etéreo. me confundi com todos e tudo; Foram anos absorvendo o mundo todo para então ser o outro, e de tanto ser o outro me esqueci de ser o eu, e quando fui ver eu era o eu do outro, assim como Clarice, e assim como todos os seres sensíveis ao mundo.
E agora neste velho lugarejo tenho medo de me tornar o outro, e imploro para que o outro se torne o meu eu, posto que tudo em mim é multifacetado e moderno. Absorvendo o eu que há em mim absorverão também todos os outros que eu absorvi durante todos esses anos. Espero contagiar e não ser contagiada, espero ensinar e não mais ser ensinada, espero inspirar e não mais ser inspirada, porque o dia que isso acontecer aqui, a minha alma estará fadada ao fracasso do absurdo que é ser pouco ou quase nada.
Foram muitos anos buscando e intelectualizando o eu que existe aqui, e agora lutarei com todas as minhas forças para que todos esses outros que eu coleciono em mim não me deixem misturar-me com a mediocridade dos que nem conseguem percebê-la.
É preciso elevar-se sempre, é preciso analisar-se sempre, é preciso metamorfosear-se infinitamente, mas nunca, nunca devemos regredir nossa alma, nunca devemos deixar o pouco ou o muito que há em nós esmorecer. Toda a beleza que meus olhos buscam não há aqui, e tenho medo, medo de acostumar-me com o pouco desta terra escassa, destas árvores falhas, desta gente empacada, tenho medo de contagiar-me com todo o preconceito e burrice que ainda paira nesses espíritos pequenos e atrasados.
Salvamos sempre frutos de árvores podres, mas o desgaste é tão grande na procura por frutos valiosos em uma plantação de destroços que todos os esforços na procura destes frutos, podem acabar nos confundindo e nos deixando exaustos demais para seguir nessa procura.
Com todas as confusões que me acometeram o pensamento nos últimos anos, nada é tão cruel quanto a certeza do julgamento alheio, do julgamento que pensa conhecer todo o complexo que é o mundo e suas partículas e acredita conhecer todos os caminhos. Ninguém pode construir o caminho do outro apenas com o imaginário pré construído neste sistema corrompido por almas desumanas. Todos nós somos capazes de construir caminhos distintos dos já conhecidos, todas as grandes histórias foram feitas por seres que traçaram um itinerário até então desconhecido.
Eu espero e desejo para esse novo ciclo de 2016 que a minha história seja construída apenas por mim e por minha egrégora protetora, que todos os olhos se espantem ao descobrir a possibilidade de um caminho novo e único, meu, eu.
Que todo o atraso que este mundo vem sofrendo, seja compensado pelas almas que estão empenhadas em elevar o nível de pensamento e evolução no nosso planeta. 
Desejo com todo o meu coração diferenciar-me de tudo aquilo que não é o novo, o moderno, o não concebido por teorias velhas e antiquadas que estão sendo arrastadas por mentes engessadas pela memória em um ideal que já não serve mais.
Desejo e espero que o eu que há em mim sirva para desconstruir o eu que há em vocês.
Amém.

Juliana S. Müller

sábado, 28 de novembro de 2015

Bonjour mes amis, o poema de hoje não é novo mas é inédito.
Afaste-se das coisas que te nutrem, da beleza que teus olhos estão acostumados a observar, e tuas palavras murcharão em tua boca antes mesmo que tua mente seja capaz de criá-las.
Muitas coisas mudam, muitas coisas permanecem, e o conflito entre essas duas questões são o meu cálice de vinho e a taça de veneno. Difícil se embriagar de uma sem provar um gole da outra, mesmo que distraidamente. Eis a metáfora que não se cumpre, eis o pensamento que se confunde, eu desempenhando papeis que não me servem, eu experimentando ares que me necrosam a alma, que me cortam os pulsos de uma só vez. Reaprender a viver em uma sociedade que nada pode te oferecer, e que não fará esforço algum para te compreender, porque já não pode mais, porque teus passos já alcançaram andares que os demais nem sonham existir.
Ah, o poema de hoje já não faz mais sentido de ser, o poema de ontem era tão monumental porque monumentos me orbitavam, e agora no meio de tanto cascalho ando catando destroços de um mundo triste e feio, sem estética, sem poesia. É como ser cegado aos poucos, é ter que se fingir de morto, é poupar os ouvidos alheios de seus tesouros. Imagine construir monumentos e não ter para quem exibi-los. Porque os olhos que te miram são incapazes de perceber a beleza que te foi criada, eles nunca compreenderão a diferença entre uma espiga de milho e uma espada, além das evidências físicas que os separam. Eu sem alteridades, eu não me confundindo com nada, eu me distinguindo com clara nitidez de todo o meu entorno, eu perseguindo carreiras de formigas para preencher o dia que não tem sintonia nem louvores. Eu provando da terra que me criou e não reconhecendo o cheiro da terra que me pariu. Eu sendo um fruto estranho. Eu comendo veneno. Eu embriagando-me de amor. Eu detestando estar. Eu sabendo onde me encontrar. Eu sem pressa de voltar. Eu arrancando peles que me cobrem quando fechos os olhos para o mundo que já não é. Eu almejando seres, eu sendo um pouco mais. Eu me divorciando do último laço que me fez alguém que já não reconheço nem mesmo entre os parentais.
Hoje não há poesia porque ela está nos filmes que não assisto mais, nas ruas que já não piso mais, na água que não provo mais, na chuva que não me beija mais.
Hoje só há prosa enrustida porque essa terra não conhece rimas, porque não encontro o verde no verde dessas lavouras estéreis e infernais.

Juliana S. Müller.