domingo, 15 de outubro de 2017

Projeção

Eu aprendi a me projetar.
E agora que o universo é o meu limite, vigiarei todos os teus passos.
Saltarei todas as noites do meu corpo e
Procurarei por você.
Te visitarei noite após noite,
Só para ter certeza que as tuas páginas continuam fiéis a minha beleza.
Não me contentarei com sonhos abstratos entre nós dois.
Agora estarei sempre nos teus sapatos.
Te beijarei os lábios.
Te apalparei as coxas e você procurará a origem de toda aquela sensação invisível aos teus dois olhos claros.
Eu voarei todas as noites e me deitarei ao teu lado, até o dia em que você acorde e perceba o meu estado.
Nós voaremos juntos pelo mundo, e descobriremos juntos versos inabitados.
E nossos corpos sutis sentirão as correntes do nosso amor, como jamais sentiram nossos ossos e músculos plásticos.
Após ler esse poema aceitará o meu convite e ao deitar seus lindos cabelos loiros no travesseiro. Agarrará a minha mão e começaremos uma nova novela.
Não há o que temer.
A única diferença é que, a partir de agora, não esqueceremos jamais de nossas noites sigilosas.

A quem intetessar possa.

Juliana S. Müller.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Eu olhei nos teus olhos e vi o desperdício de uma vida inteira.
Eles não brilhavam.
Eles não guardavam o universo em si.
Não.
Seus olhos estavam úmidos. Empoeirados.
Eles fingiam uma tristeza.
Uma depressão comprada nas farmácias.
Você gastando uma encarnação inteira com essas besteiras que não acredita.
Que dissimula.
Interpreta em teu personagem.
Burrice menina. Burrice.
Ninguém vai te aplaudir no final.
Ninguém vai lamentar pela tua vida miserável.
A miséria não tem nada a ver com a pobreza do corpo.
A miséria tem a ver com a tua incapacidade de ser feliz e perceber o mundo.
Você é miserável.
De uma miserabilidade que não será perdoada.
Você vai enlouquecer quando se despir desta roupa.
Você vai chorar e dar trabalho para todos do outro lado.
Tua imaginação não é capaz de intuir o que te espera lá.
Você não queimará.
Você não será torturada.
Mas irá enlouquecer,
E gastará outra existência, até ser recuperada.

Juliana S. Müller.

sábado, 23 de setembro de 2017

A magia do Berimbau.

Bonjour leitores e amigos queridos. Com o consentimento do sono prolongado do meu filho, publico hoje esse poema que é um pedacinho da realidade que não é narrada. Das sensações que nós temos e que são confirmadas por todas as almas desencarnadas. Não falo mais a mesma língua, embora use o mesmo idioma ainda. Não posso mais ser compreendida pelas mentes que me seguem, mas isso não quer dizer nada. A arte não é entretenimento, a arte é a ferramenta mais avançada nesta superfície densa em que estamos inseridos temporariamente. Não esperem sempre afagos e beijinhos, às vezes o beijo existe na face do poema, outras não. Apenas recebam e deixem-se arrebatar, não esperem finais felizes, esperem verdades reveladoras, aceitem e compreendam as nossas possibilidades de conceber a vida multifacetada.
Eu amo todos que eu posso alcançar com uma palavra, e não espero que essa palavra seja compreendida como eu a escrevo, porque ela não será.
Recebam como puderem, eu as escrevo com o que tenho de melhor em mim, eu escrevo porque é tudo o que eu posso ofertar.
Tenham um bom fim de semana.
bisous.

Eu vi quando as sons saíram de suas cordas vocais e entrelaçaram-se com os cantos dos pássaros no topo das árvores.
Eu vi os homens balançando entre as matas pendurados em altos cipós,
Eles dançavam ao som da floresta.
Enquanto uma orquestra nunca vista aqui,
entoava as mais finas obras celestiais.
Estes cantos inofensivos e quânticos
calaram minhas mais excêntricas dúvidas existenciais.
Incendiada pelas ondas que tomavam meu centro de zinabre
Permiti que,

toda a vida selvagem me dissipasse,
tornando-me parte do movimento circular que rege o mundo e suas inúmeras faces.
Fui escorrendo pelas pedras e córregos de águas cristalinas.
Fui beijada por crianças vermelhas,
que brincavam nas minhas margens.
Desaguei em um grande rio,
até perder-me na paisagem.
Expandi meus horizontes,
e cheguei em lugares sagrados.
Consagrei-me ali,
e ali despedi-me daquela viagem.
Ancorei minha'alma naquela caverna.
E passei o resto das vidas orando pela humanidade.
Nunca salvei uma alma viva,
Mas instruí muitas a fazerem essa passagem.
Um dia eu volto de lá,
mas até esse dia chegar,
Darei a mão todas as tardes aos convidados
que desatinam ao ver a realidade.
O mundo é plural demais para quem despe-se, de mediocridades.


Essa imagem vive em mim,
eu vivo nessa imagem.
E toda a maldade terrena não será capaz de desfazê-la jamais.
Meu DNA existirá nos próximos mil anos, e com ele guardará o canto que eu ouvi essa noite das cordas que se cruzavam na floresta da minha alma e me enterneceram.
Toda a humanidade conhecerá a natureza de sua alma, e isso descongestionará as veias de toda uma história cega e torpe.
Eu vi muitas outras cenas esta noite,
Mas nenhuma me convenceu mais do que, o canto do araponga arranjado pelo berimbau.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

intempéries

DOMINGO DIA 23 DE JULHO DE 2017
o vento varre a poeira

O vento varre a poeira para dentro da minha sala.
As portas da varanda escancaram toda a rebeldia da vida lá fora.
O vento arrasta para dentro da minha casa toda a poeira roxa do oeste.
E me pega desprevenida sentada no sofá,
enraizada pela insônia das noites lactentes.

minha pele não transpira mais, sufoca.
A camada de pelo é agora uma casca vermelha enrijecida e rachada qual solo agrestil.


Petrificada ainda no sofá, sem conseguir descolar da nova camada de pele terrosa,
praguejo, enquanto ouço a tosse convulsa da minha cria no quarto ao lado.
Todos dormem,
porém eu, envelheço sob o céu seco e mortífero tenso.

Meu pensamento é saudoso.
Quem dera respirar sem engolir o ar ardiloso que entra pelas minhas narinas e arrasa todo o meu corpo. Enrijece meus alvéolos e resseca a minha língua.

Todos dormem.
E Eu espero a tosse da cria cessar, enquanto controlo a minha, com medo de que ele possa despertar.
E estremeço de horror com cada soco que seu frágil corpo recebe enquanto excreta toda a poluição do mundo grudada em seus imaculados pulmões.
Essa noite os anjos terão de dormir sozinhos,
pois a secura dos ares atingiu a nobreza da vila.
E despertou da noite intranquila a vida mais nova e franzina.
Embalo em meus braços cansados e trêmulos, o corpo pequeno.
Ele não reclama, não esbraveja, apenas libera o catarro poeirento de seus pulmões e nem mesmo pragueja contra o céu do sertão.

Eu, fêmea que sou, ataco todos os santos que permitem esse mal tempo.
Fosse eu maior que meu amor, sequestraria a Rainha dos Raios e faria ela chover até nossos vasos se encherem novamente e escorrerem pelas paredes toda a poeira acumulada.
Enquanto as ruas não virassem rios, de mim, ela não se livrava.
Mas fêmea minúscula que sou, apenas provoco.

Invoco sozinha o canto que aprendi quando criança, com a velha índia.

RAMAUÊ CHUVA CHUVA CHUVA.
RAMAUÊ CHUVA CHUVA CHUVA.

Mas não chove,
nada escorre do céu.
 A única nuvem que havia, desfez-se.
Agora o sol volta e queima mais um dia que impulsiona a tosse que não mais se controla,
Meus olhos ardem,
meu filho chora.
petrifico no sofá,
e sonho com a umidade e o mofo que já quis amaldiçoar.

UMIDADE ABAIXO DE 30%, uma forma perversa de me castigar.

Juliana S. Müller.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Quand le temp est court.

Bonjour amigos leitores queridos, massageando a minha alma com a possibilidade de escrever. Todos os dias eu gostaria de registrar os poemas que construo aqui e ali, "mientras" faço algo que nada tem que ver com a poesia ou o ato de escrever. Mas, cada dia tem sido mais difícil registrar os versos, e os textos que componho aqui no topo da cabeça. Isso de não ter tempo... existe.

Eu não escrevo para ser compreendida,
Quando quero ser compreendida leio outras poesias.

Eu escrevo, porque quero ser tocada pelo pensamento que me lê.
Quero ser olhada, pelos olhos que não posso adivinhar.

Eu escrevo porque o chacoalhar dos galhos das árvores deve ser eternizado.
E a sombra que o sol do entardecer faz todos os dias na parede do meu quarto
é belo demais para não estar entre os versos que guardarei em meus retratos.

Eu escrevo menos, mas escrevo mais.
Sei tão menos sobre a literatura,
Sei tão mais sobre o que vem a ser depois dela.

Então escrevo para não esquecer como é que se constroem frases.
Quando o diálogo da fala é escasso,
O verbo aqui mal empregado, ganha força e libera a minha mente.

Por fim, eu escrevo pra ter certeza que as bocas que me beijam nos sonhos à noite
saberão da minha existência quando, o choro do filho me despertar pra realidade anônima.

Ora pois, não fosse a poesia, você nem repousaria seus olhos em mim neste dia.

Juliana S. Müller.

sábado, 20 de maio de 2017

A PROPOS DE LA VIE

O entendimento do viver é a arte maior.
Mas o entendimento do morrer é a suprema arte.
Só pessoas como Pessoa são capazes de entendê-la.
e descrevê-la com o mais belos dos poemas.

Todos os dias a verdade ressoa em mim.
Não há metafísica em nada.
Tudo é físico, tudo é matéria,
mesmo que aparentemente não possamos tocar.
Saber isso é envelhecer com tranquilidade,
é ser.
É toda sabedoria que não deveria ser oculta,
O misticismo é apenas palavra criada pelos que não o sabem.
Conhecer as coisas da vida é arrancar véus,
acreditar no mistério, é embriagar-se de água não destilável.

e aceita-se tão facilmente a cegueira e sua embriaguez inconfessa,
Que não se liberta nunca das amarras.
Acredita-se facilmente no papel moeda,
e ignora-se completamente a inveracidade da morte.

Eu não morrerei.
Eu viverei eternamente, mil mundos distintos experimentarei
e voltarei um dia quando todos souberem o que fazem aqui.
Só pra sentir a paz que não encontro hoje em seus olhos.
E escancarar suas vidas agora sem mistérios, nem véus, nem complexos.

Juliana S. Müller.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Bonsoir

Bonne nuit, venho trazer um beijo de boa noite nas faces rosadas das crianças fartas, e nos rostos palidos das mães esgotadas.
Bisous.
19 de abril de 2017.

Se todo sorriso se arrancasse tão facilmente de um rosto como o teu.
existir neste mundo seria tolerável.

Se todos os olhos vislumbrassem com a simplicidade do chacoalhar das folhas do pinheiro,
amar e receber amor seria ainda mais fácil.

Se todos os olhos me decifrassem assim como os teus o fazem,
eu já não exibiria códigos, abandonaria os signos, e seguiria nua, sem camuflagens.

Se todos os olhos faiscassem como os teus, quando recebem um simples beijo na barriga,
eu abandonaria a rima só para observar todos os fogos que comporiam uma nona sinfonia.

Se todos os lábios que não emitem palavras, se pronunciassem como os teus olhos que me calam,
então meus poemas fariam sentido, quando dizem que, os olhos são as janelas da alma.

Mas nada no mundo é tão puro e sem perguntas. Nada é simples e fácil como você. Nada aqui me faz ser tão plena como te ter em meus braços e não precisar de nada para te receber. Apenas meu corpo sendo capaz de te carregar, apenas meu seio sendo capaz de alimentar, apenas meus lábios sendo capaz de te ninar, apenas meu coração sendo capaz de te decifrar.
´
Como será o meu mundo com a grandiosidade do teu ser?
Espero viver.
Mas se meu corpo padecer,
Meu verso te guiará.


Juliana S. Müller

segunda-feira, 10 de abril de 2017

bonjour

Bom dia amigos e leitores queridos, envio a vocês um poema de  domingo pra inspirar a semana de todos vocês.


Poema matinal.

Depois de sentir as cores daquele céu
norteei a bússola do meu Ser para aquele momento luzidio.
Nada que destoe daquelas cores é real.

O único céu que te acolherá é furta-cor.
Nenhum outro céu te eleva.
A casa que te gerou é a casa que te espera.

O sangue que sai das minhas veias volta a elas com a mesma violência.
Me cura, me imuniza, me fortalece, me liberta.
Um portal que me transporta para dentro de minha célula.

Nela me multiplico, me clono e volto inteira.
Restabeleço laços de vidas regressas,
E quando menos espero retornei a mim.

A maior dificuldade da Terra é aceitar essa forma geométrica
E cem anos mais, viver preso nela,
Como condição única perversa.

Por isso meu norte é aquele céu,
um céu que despertou em mim
sensação única de pertencer ao universo e não ao papel.

Juliana S. Müller.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Um poema para você que me lê e tem os olhos fundos de versos ocultos no coração e na palma da mão.


Estou com saudade de seus versos, amigo perverso.
Não leio seus livros com medo de não me encontrar ali.
Tudo o que você escreveu antes e depois de mim foram feitos para mim.
Eu sei, nem você sabe.
Mas todos os verdes olhos que você versou
foram os meus borrando a sua paisagem.
Não há dia que passe e eu não sonhe escondido.
Com o amor que não dei, e hoje, come minha carne.
A cada aborrecimento cotidiano, você cresce no meu imaginário.
A cada amor que morre, você renasce como meu destinatário.

Acredito que toda a minha vida se resolveria em você.
Mas seus olhos vitrificados miram longe...
Um longe que não me vê.
E a cada volta que Gaya da ao redor do sol, você reaparece maior.
Quanto mais longe você fica, mais meu amor se multiplica.
Mesmo que eu implorasse para o mundo acabar novamente em 40 dias.
Você se negaria, e minhas páginas queimariam mais rapidamente,
E minhas cartas se amontoariam na sua porta.
E quatro estações seriam poucas para varrer a minha sorte,
Enquanto nossos filhos crescem e continuam a nossa trajetória.
Nossos caminhos foram selados com cera de abelha,
Nada no mundo me surpreende mais do que seu nome na minha cabeceira.

Eu te espero cariño,
com a mesma paciência que me fez perversa, quando você cruzou o meu destino.
Enquanto houver versos em minhas veias, 
você será meu porto furtivo.

de sua Juh...

Trilha sonora. Volta Ana Cañas

sábado, 11 de março de 2017

Poème de samedi

Bonjour leitores e amigos queridos, um poema para sábado que é dia de ser um pouco mais livre e um pouco menos  tímido.

Bom fim de semana, e até mais.
bisous

sábado, 11 de março de 2017.


Poemas pra encher linguiça.

nem toda experiência vira poesia.
Algumas a gente inventa, outras recria.

Não sou nada além de tudo o que me criam.
Sou face de um, de outro, sou partes de outras vindas.

Há quem me reconhece, e uma minoria convicta,
mas há quem não compadece de minha divindade tão nítida.

Vivem flores silvestres, morrem flores domésticas,
O manjericão é flor que cresce só pra matar minhas expectativas.

Todo manjericão padece depois de perfumar a casa que o cria.
Todo coração enrijece com a falta de autoestima.
Toda mãe desatina com as noites insones da cria.
Todo corpo envelhece com a falta de adrenalina.

TODO VERSO É MESTRE PRA QUEM APRENDE COM A ALMA O QUE NA CARNE OBSCURECE .

De sua Juh....

quarta-feira, 8 de março de 2017

Sentimento do mundo: MULHER.

Bom dia flores do dia, hoje é um dia lindo e imensamente contagiante. Primeiro que é dia internacional das Mulheres e segundo que meu filho faz seis meses de vida na Terra, então é um dia para ser duplamente comemorado. 
Eu escrevi um texto hoje que eu nem sei como consegui, pois o tempo com o Caê é escasso e eu sempre tenho que escolher entre dormir, comer, limpar a casa, cortar as unhas dele enquanto dorme. Mas hoje deixei tudo pra lá só pra escrever o meu relato. Há muito que tento escrever o minha experiência como mulher em versos, mas parece ficar sempre obscuro e duvidoso. Hoje tive que por em prosa, porque não cabem nas rimas, o que eu senti vontade de compartilhar com vocês. 
Não escrevi esse texto com medo, nem angústia, nem ressentimento, apenas escrevi o que pra mim já é roupa batida, vivo comigo há tantos séculos que já não me surpreendo mais com o que sai de mim. 
Então deixarei para vocês um esboço do como eu me sinto mulher neste mundo, e algumas experiências com as quais me deparei ao longo da vida.

Há muitos anos eu escrevo sobre o dia das mulheres. E não há nada em mim tão natural quanto o orgulho que sinto em ser mulher. Desde que sou capaz de recordar sempre amei ser mulher. Por muitos motivos diferentes em muitos períodos diferentes eu me orgulhei de ser mulher, e ainda na minha pré-adolescência já era uma feminista mesmo mal conhecendo seu significado. Não sei como tive conhecimento da palavra feminista, nem de seu sentido, mas sei que aos 12 anos eu era bem mais radical do que aos 25. Naturalmente eu não tinha experimentado ainda o amor dos homens, por isso os considerava eternos inimigos. (Com ressalvas para o amor paterno, que tive a sorte de receber de todos os homens mais velhos da família, pai avô, tios). Mas eu não amava os homens nem os admirava como admirava as mulheres, Eu me orgulhava por não ser como eles, eu os abominava por serem tão facilmente manipuláveis pelas mulheres. Eu via minhas amigas fazendo isso todos os dias, elas usavam de seus encantos para persuadi-los a fazerem o que ela desejassem. Assim foi o início da minha adolescência, parecia que eu estava do lado de fora de tudo, sempre observando os movimentos das meninas e dos meninos, com ênfase de os meninos serem quase sempre bem mais velhos do que as meninas, o que é bem comum nos relacionamentos, já que as mulheres quase sempre amadurecem muito antes do que os homens. Não me perguntem o porquê, essa é apenas uma constatação e não um embasamento científico. Então ao ver na minha adolescência no início das minhas relações com o mundo o quanto os homens eram frágeis e impotentes perante o poder sexual, manipulador e psicológico de uma mulher, eu decidi que éramos muito melhores do que eles, e assim eu pensaria por muitos anos ainda.
Durante minha adolescência eu fiquei com inúmeros rapazes, e nunca vou esquecer da sensação de desprezo que sentia após beijar cada um deles. Era uma sensação rotineira, ia lá, beijava, depois não queria nem ver na frente, era só o prazer da conquista, só. Morria de medo de algum deles desejar um relacionamento sério, porque era impossível um namoro com seres tão involuídos. Então eu ficava no máximo duas vezes com o mesmo menino, e depois dava o fora. A maioria não ligava, alguns insistiam, e outros eu me esquivava. Foi assim por muito tempo, uns quatro anos juvenis. Eu me apaixonei por alguns e obtive recusas, mas as paixões duravam o tempo da conquista, depois de conquistar, a graça do amor logo se esvaía. Algumas vezes me sentia mal por ser assim, outras sentia-me livre como uma andorinha, dizia que seria mãe solo, independente e rica. Eu ainda não sei de onde vieram essas ideias, porque não são coisas que as pessoas me diziam. Todas as mulheres da minha família casaram por amor e alimentam seus casamentos até hoje pelo mesmo motivo. Então esse estranhamento e eterna desconfiança que eu sentia pelo sexo masculino vinha unicamente de mim, possivelmente estava guardado em meu gene, de uma vida anterior, de experiências que eu não posso recordar por serem de vidas outras, mas que certamente deixaram um alerta na minha mente. Eu nunca tive ingenuidade, tenho certeza disso, desde criança desconfio dos homens, nem o mais amável me parecia confiável. E isso se intensificou muito na puberdade, na juventude e na maturidade. Na adolescência fiz inúmeros amigos homens, me identificava muito com a irmandade, cumplicidade, lealdade, e desapego com a imagem que os meninos tinham com os seus pares. As meninas eram competitivas, fofoqueiras, más, desleais, e muito interesseiras, sem contar a parte em que a vida toda era voltada para a conquista dos homens. Eu tinha certeza na adolescência que os homens eram muito melhores amigos do que as mulheres, era assim que eu me sentia sempre, embora eu desconfiasse dos homens, e me sentisse superior a eles. Mas eu gostava da forma como se relacionavam entre si, e nisso desprezava imensamente as mulheres. Portanto na adolescência eu era capaz de afirmar que sim a amizade entre homens e mulheres era possível, e acima de tudo necessária. Mas aos 16 anos era impossível conversar com os meninos, nesse momento eu já estava experimentando o mundo com todas as minhas forças, enquanto eles ainda brincavam de vídeo-game. Era desolador, meninos com barba, altos, desenvolvidos fisicamente, completamente mirrados socialmente. Foi quando me voltei para a amizade com as meninas novamente, só elas entendiam as minhas descobertas e o relacionamento maduro que eu desejava ter. Os meninos pobres coitados, não sabiam o que esperar de suas vidas, poucos sabiam a profissão que desejariam ter, estavam se preparando para as universidades, ou sequer tinham beijado uma menina. Por isso os relacionamentos eram feitos entre meninas adolescentes e rapazes maiores de idade, porque era impossível se relacionar com um rapaz da mesma idade. A disparidade de ideias e experiências era inacreditável. Foi quando aos 17 me apaixonei por um homem 15 anos mais velho, músico (baterista), que lia, tinha experimentado o mundo como nenhum dos homens que eu conhecia tinha experimentado antes. Cozinhava maravilhosamente, entendia de vinhos, e principalmente, muito principalmente tinha uma vida espiritualizada. Foi esse um momento de ruptura na minha vida, quase tudo o que eu sabia sobre homens caía por terra. Toda aquela literatura que eu vinha lendo se transformou em vida, eu sempre acreditei que encontraria esse homem, só não esperava tão cedo. E foi quando eu me vi completamente desprevenida para o que viria.
Cordialidade, eu nunca , jamais fui uma pessoa cordial com qualquer pessoa na minha vida, sempre fui egoísta, e meu ideal feminista implícito de alguma forma no meu DNA me encorajava a ser ríspida com os homens e nenhum pouco afetiva. Foi quando conheci um homem que também se apaixonou por mim, mesmo sabendo das dificuldades que viriam, das discrepâncias pela idade, dos preconceitos nossos e alheios, e principalmente dos momentos tão distintos entre nós. Quando conheci esse homem que me fascinava, e ainda me amava mesmo com todos os meus inúmeros defeitos, porque eu me achava bem defeituosa (fisicamente é claro, porque intelectualmente sempre fui muito segura de mim), eu não imaginava que teria que mudar tanto para poder continuar me relacionando com ele. Nunca esquecerei que quando ele chegava na minha casa, minha irmã e minha mãe ofereciam água, café, algo pra comer e eu permanecia lá, sentada ao lado dele sem perceber nada disso, não via qualquer obrigação de ser gentil e lhe oferecer algo. Foi depois de inúmeras chamadas das mulheres da minha família e constrangimentos dele, que percebi o quanto ser feminista poderia me atrapalhar nesse relacionamento que eu tanto prezava. E lembrei do dia em que fui servir a comida em uma janta na casa da minha tia, e um rapaz que eu era afim, mas nem tanto, me pediu que o servisse também, e eu olhei pra ele com muita indignação e disse: Eu não nasci pra servir homem!! Isso eu disse com orgulho, e ele ficou com a face igual os relógios de Dalí. Então pra eu entender que boa parte da minha relação se basearia em agradar o outro, ser gentil, independente se fosse ele homem ou mulher, foi muito difícil, porque eu já estava aprendendo a ser gentil com as mulheres há algum tempo, mas com os homens era algo que doía em mim. E foi deixando de ser dolorido quando eu percebi que doía menos quando você cozinhava algo que agradava a pessoa que você amava, que mostrar que você se importa é algo confortável em qualquer relação que você mantiver na sua vida. E assim eu fui me convertendo de uma mulher das cavernas, para uma mulher mais calma, apaziguada e finalmente ou quase gentil. Nos dois primeiros anos do meu relacionamento fui muito gentil, gentilíssima, o amor me converteu em alguém melhor não só pro meu atual marido como também pra minha família. Mas eu abri mão de ideologias que foram ficando insustentáveis, e por um tempo quase desacreditei na união e na amizade das mulheres, quase voltei ao período em que acreditava que amizade entre mulheres eram inviáveis devido à competição e à inveja. Mas aí vieram os homens curitibanos e me mostraram que os homens não sabem se relacionar com as mulheres apenas por amizade, que elogiar um homem, ou seu trabalho é querer algo mais do que apenas ser cordial e amigável. Eu aprendi e desaprendi rapidinho a confiar nos homens, a cidade na metrópole arrancou a última gota de ingenuidade que eu tanto cultivei em mim, não restou nada. Todo o amor e confiança que eu aprendi a ter para com os homens através do meu relacionamento com o meu marido, eu perdi com a vida na metrópole. O interesse dos homens pelos quais me aproximei porque os admirava e pelos quais desejava manter uma linda e longeva amizade, laços que gostaria de criar para a posterioridade, pelo trabalho, pelas parcerias que poderiam se concretizar, viraram pó, porque os homens viram a imagem, se vislumbraram e esqueceram da amizade. Foi depois de três anos tentando estabelecer vínculos com amigos homens, que cheguei ao ápice de receber o assédio moral de um professor, que rompeu a barreira da amizade e com palavras arrancou de mim toda a desconfiança e admiração que eu nutria por sua pessoa. Desde então decidi parecer menos interessante fisicamente, e eu que era imensamente satisfeita com meu corpo, mente e alma, fui procurando de todas as formas me desconstruir, mas foi só quando cortei o cabelo que os assédios na rua deixaram de existir, foi um alívio, porque só nesse momento percebi que passava a ser invisível aos olhos dos homens. Consegui me neutralizar na sociedade, por um tempo foi muito reconfortante. mas logo eu desentristeci e achei que já podia voltar ao mundo com minha vaidade. Porque não sofreria mais na tentativa de firmar parcerias, nem tentaria ser cordial, nem gentil, nem amigável com nenhum homem que eu admirasse, porque das flores que eu colhi tudo o que aprendi foi a manter o espírito e o corpo invioláveis. Às vezes leio poemas de autores contemporâneos e sinto um desejo incontrolável de elogiar, de mostrar como aquilo foi profundo e bonito, mas há sim um bloqueio e não me permito, há um medo de ser mal interpretada e por isso prefiro guardar todos os elogios para as mulheres que eu admiro e aos homens que ainda confio, pai, irmão, avô, marido e filho. São esses os homens que ainda têm o meu amor mesmo que aos pouquinhos.  Vai ver por isso o cosmos me mandou um filho homem, pra ver se restauro a minha confiança no mundo através do amor que nunca fui capaz de depositar em nenhum homem, ou talvez pra eu criar um homem melhor pra esse mundo, um homem que seja completamente diferente dos que conheci e que provavelmente conhecerei. Espero sinceramente ao desencarnar deste mundo, ter deixado dois homens sensíveis e feministas, um eu sei que já ajudei a melhorar muito, o outro eu só posso esperar o tempo passar e ver o que fica dos valores que a gente acredita transmitir e dos amores que tentamos imprimir neles.

OBS: Sei que não me fiz tão esclarecida com esse texto, e percebam que o principal motivo para escrevê-lo é porque sinto a necessidade de escrever algo neste dia para os meus leitores. Mas como não tenho mesmo muito tempo para escrever agora, deixo esse breve relato da minha experiência feminina impressa nestas palavras que muito pouco podem retratar dos intensos momentos que experimentei vivendo o mundo desde que saí da minha cidadezinha e passei a viver em Curitiba.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

pendant la gestation...

Bonjour amigos e leitores queridinhos, todos os processos dentro de mim são lentos, muito lentos. Tudo em mim demora para ser assimilado, digerido e só então degustado, é o inverso do processo natural da vida, mas assim é o meu ritmo, eu primeiro vivo, e por último sinto o que vivi.
Com a gestação do Caê foi assim, muitos sentimentos passaram por mim, e eu mal podia distinguir se era um processo do meu ser espiritual ou do meu corpo carnal. Acabei sintetizando e acreditando que os dois ocorreram ao mesmo tempo, enquanto meu corpo sofria com os processos químicos, físicos, meu espírito vinha sentindo as mudanças energéticas do espírito.
Com isso passei por algumas fases terríveis de mal humor, de isolamento, de sentir tudo impuro e indigno de nós dois. Os defeitos das pessoas passaram a ser intoleráveis, e suas qualidades imperceptíveis. Depois houve momentos de muita alegria, de comunhão com a barrigona, de beleza, de exaltação de amor. E todos esses momentos eu tentei apontar em textos, e muito pouco foi aproveitado, era tudo muito exaltado, então deixarei aqui um texto deste período da minha história, um momento único e memorável.

06 de junho de 2016, segunda-feira


No primeiro momento não acreditei, achei que fosse erro laboratorial.
Me assustei, olhei pra você e vi sorriso, mas eu estava congelada, gelada de susto.
Depois eu vi que por fora eu realmente havia mudado, mas por dentro eu não mudava.
E o susto virou angustia, e a angustia medo, muito medo de não ser mais só, de não ser mais livre, de não ter mais os mesmos sonhos, de abandonar o barco da escrita. Medo muito medo de ser responsável pela vida de um outro, de ter que aprender a amar, de desconstruir castelos, de enterrar caminhos antes estipulados. E o medo virou lágrima no olho que viu uma vida dentro do ventre, que ouviu um coração batendo latente e não era o seu, e então o dentro que não havia mudado, mudou. Virei do avesso, e a distância daquele som do coração, daquela mãozinha que acenava, foram dando lugar para a tristeza. Uma tristeza pelo o que eu não poderia dar ao filho que gerava, pelos anos que sonhei com esse momento e não vingou, e naquele momento tão insano, tão sem planos você veio e me frutificou. E a tristeza misturava com os enjoos, e a vontade de comer o que não se tinha, e tudo virou mal humor, e não havia mais risos, nem alegria, nem esperança, só preocupação e desgaste, e fome muita fome, e enjoo. Tudo era impuro, todo alimento parecia-me contaminado, era meu filho rejeitando o lixo por nós criado, e eu com fome muita fome, e não querendo comer, e não desejando o alimento que poderia nos abastecer. Depois cessaram os enjoos e veio a preocupação, a do nascimento, a do parto tão sonhado, tão natural e tão problematizado. E eu chamei, uma duas, três e nenhuma das vozes que chamei puderam me atender, todas disseram não. E a preocupação virou angústia e certeza, você viria ao mundo em meus braços, mesmo que para isso fosse somente nós os dois como no sonho que tive no início de tudo. E assim como o verão escaldante a preocupação ficou, deixando o frio outonal trazer o amor, o carinho que eu tanto buscava, e embora ainda não houvesse paz, havia a esperança, os braços e pernas que se moviam a todo instante me fazendo lembrar que eu nunca mais seria só, e se antes isso era angustiante neste instante soava reconfortante. Cada movimento seu é uma respiração minha aliviada, eu sei que você está bem, eu sei que você sorri, que você é luz, amor que eu não pude ser, porque você já me fez melhor, já construiu um novo castelo um que eu não FUI CAPAZ. Hoje eu sou sorriso, apenas a alegria e a paz habitam aqui, não há preocupações, não há restrições, tudo mudou, o outono secou e ficou o inverno. Eu invernei e mais uma vez me reinventei em você, e se o inverno me fechou na carne e na alma, agora sigo na calma, no reflexo oval do espelho, da barriga que cresce mais do que meus pelos. Toda a vontade de mastigar humanos, de me fazer menos matéria, de fugirmos os dois por outras esferas foi-se com os ventos de agosto. Agora só pratico yoga, deixo o corpo em repouso porque isso acalma. E agora a minha sorte será também a sua, e a sua vida salva a minha todos os dias. E quando sua luz vier ao mundo todos se curvarão diante de tamanha grandeza, porque você me modificou, me fez um ser mais puro para então descer ao mundo. Quando nossos olhos se tocarem todos os raios e trovões serão pequenos para nos ofuscar. Agora eu sou você, e você será todo o mar.



Juliana S. Müller

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

d'autre vie.

Buenas cariños, um poema pra vocês decifrarem.
Beijos e um bom dia.

quinta-feira dia 17 de novembro de 2016
A chama da vela é a mesma de sete anos passados,
O seu reflexo na televisão ainda me traz os mesmos pensamentos ocultos.
Eu não descobri o ideal secreto de ser aqui.

Sou o sincretismo dos eus que me fiz
Dos eus que não fui capaz de encobrir.
Os eus que por essa vinda me servi.

O reflexo da chama da vela na TV me trouxe você, pensamento escasso,
drama incurável de vidas acumuladas.
Sem enigmas, mas exibindo códigos
você foi pura minha menina
até começar a encobrir seus próprios ovos.

Agora, dama dos sojas que cobrem a tua pele
dançarina das ruas empoeiradas,
você perdida num redemoinho que surge no penumbral.
Um  anjo sem face que troca todo ano de pele.
Uma santa implorando fiéis.
Uma insana que perde o viés.
Uma louca que rima.

Pra quê usar de rima, se eu conheço a qualidade da tua poesia!
Eu já sei que teu fracasso é ser a única a refletir nos versos que teus são cria.

Juliana S. Müller.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

notre fils est né.

Bonjour amis, algumas coisas mais nasceram em mim além de um filho e um amor. Desde que a bolsa rompeu entrei em um estado exaltado da alma do qual só começo a regressar agora aos poucos. Mas já sei que muitas outras coisas foram embora, e outras nasceram. Ainda não sei nomear quais foram e quais chegaram, só sei que há algo diferente dentro de mim, e não tem a ver com o bebê, tem a ver com meu espírito renascendo de algum recanto escuro, submergindo de uma dimensão. Um dia quando o sentido não for mais oculto ele vira poesia e aí eu conto tudo.
Por enquanto vocês pode ficar com esse poema que terminei hoje.
Tenham uma linda semana.
amém.
Perdoem os erros, depois que o Caetano chegou fiquei ainda mais cega.

03 de setembro de 2016, segunda-feira

mesclando os dias.

conforme o sol gira
os gatos se apinham em frestas que vazam pelas janelas, em busca de seus raios tão escassos neste período do ano.
As sombras são a cena deste filme,
enquanto isso nós geramos o nosso filho.

Lá fora o vento faz festa varrendo as ruas das folhas secas.
É sábado e ninguém vai à feira.
Aqui todos preferem o sabor da fruta seca.

Eu que não sou gato, que sou forasteira
Não caço o sol nem vou às feiras,
Permaneço na mesma cama como uma enferma.
A verdade é que mudaram o cenário, mas a minha cena ...

Sempre escrevendo, sempre vendo o dia nascer e varrer para debaixo da minha poesia toda a vontade de ser lida.
Deus está a lá.
E eu estou aqui ouvindo as crianças saindo do colégio, enquanto nosso filho não ri.
Vou sendo uma imagem cubista que não se encaixa em nenhuma pintura renascentista.
Se você me visse assim com ele no colo no canto do quarto, me pediria para ficar ali, quietinha sendo fotografada pelos olhos que já não vejo mais aqui.
E suas lentes armariam o maior pampeiro só para me ver descolorir os versos que andavam presos numa prosa que eu não confio, numa prosa que não diz nada de mim.

De sua Juh...

terça-feira, 16 de agosto de 2016

les jours qui sont heureuses

Bom dia, deixo toda essa magia e movimento do nascimento de um novo e vigorante dia de inverno que parece primavera, que remexe na nossa alma.
Tenham uma ótima semana.

Eu adoro os dias depois de uma intensa e volumosa chuva,
são os dias mais felizes, mais radiantes mais pulsantes.
Dias como este me fazem vibrar na minha mais alta voltagem,
meus pelos do corpo conduzem toda a eletricidade do mundo aqui
direto para o centro do meu ventre, e fazem nascer dele todo o ritmo
todos os movimentos esquecidos pelo frio e pela chuva sombrosa.
Toda a música do Caetano gira em meu corpo e me move para todos os cantos de mim.
AMO.
Sou força que é rebento.
Sou dama que conduz o vento.
Sou luz de poste cor de laranja.
Sou a sombra trêmula da água no telhado.

Nestes dias ideais sou o escopo do mundo.
Sou tudo o que me negam nos dias normais.

Nestes dias ninguém me visita,
Porque nestes dias eu sou a única.
Sou toda.
Sou vida.

E caso alguém duvide dessa minha mentira.
Os gatos sempre comungam da mesma energia.
Eles sempre confirmam essa minha mania.

De sua Juh...

sábado, 30 de julho de 2016

Bonjour lecteurs et amis, le poème d'aujourd'hui a eté publié dans l'antologie poètique intitulé 
''Voyage autour du monde (en 80 poèmes ?)" en février de cette anneé de 2016. J'ai me oublié de publier ce poème et maintenant je voudrais de partager avec vous mes amis cette lecture.
Vous devez excuse mon français qui est terrible.
Bisous et bon week-end.

Bonjour meus leitores e amigos queridos, o poema de hoje foi publicado em uma antologia francesa intitulada "Viagem ao redor do mundo (em 80 poemas?)" no início deste ano de 2016. E eu acabei esquecendo de dividir esse momento e essa leitura com vocês, então se quiserem apreciar um pouco do idioma francês aproveitem.
Beijos e bom fim de semana.

Je me suis levé avec la nostalgie de mon sertão
J’ai rêvé que je rentrais et j’ai senti
Le désir du retour lorsque je me suis réveillé.
Ce qui me manque c’est la tranquillité de ce lieu
C’est le vent froid qui souffle lorsque
La pluie tempétueuse est sur le point de tomber
C’était bon de prendre un bain de pluie dans ces rues
Courir avec les enfants au bas des rues
Et sentir le poids des eaux froides dans le dos
Je ne peux pas avoir d’enfants
parce qu’ici je ne peux pas les élever
Cela serai pour moi une folie et un égoïsme infini
Je reconnais a quel point cette ville m’a apporté
Mais je n’arrête pas de penser aux jours heureux que j’ai passé
Au coté de tous ceux que j’aime dans mon lointain village.
                                          
                                                  (traduction Christine Foucault)

sábado, 8 de outubro de 2011

Acordei com saudades do meu sertão,
Sonhei que voltava, e senti
O desejo do regresso quando despertei.
Sinto falta da tranquilidade daquele lugar,
Do vento gelado que vem soprando, quando
A chuva tempestuosa está pra chegar.
Era bom tomar banho de chuva nas ruas,
Correr com as crianças em baixo das calhas,
E sentir o peso da água gelada nas costas.
Não posso ter filhos, porque aqui não posso criá-los,
Isso seria em mim loucura e egoísmo INFINITO.
Reconheço quão esta cidade tem me proporcionado,
Mas não deixo de pensar nos dias felizes que tive
Junto de todos que amo no meu LONGÍNQUO povoado.

Juliana S. Müller

quinta-feira, 28 de julho de 2016

être mère c'est avoir peur d'oublier qui on a eté avant d'avoir fils

Bonjour. O maior medo de toda a minha jornada foi perder o domínio da minha vida, foi deixar que qualquer um tomasse meu tempo, que minhas horas fossem dedicadas ao outro. Sempre usei meu tempo para mim, sempre destinei meus sonhos ao meu ego. E agora sou despida do meu último apego, o meu egoísmo agora não fará mais sentido. Tudo o que há em mim será teu meu filho, nada mais me pertence. Pelo menos nos próximos anos terei de ser tua, e como ficam as minhas figuras? Não sei quanto amor há em mim para suportar tamanha doação, não sei quanta força há em mim para viver tamanha devoção. Que você vem ensinar isso eu já sei, isso estou sabendo porque sigo vivendo, e cada dia, cada semana uma nova escolha nasce e uma certeza morre. Tudo o que senti desde que te vi nos meus sonhos foi a certeza de que nada mais seria solidão, mas também nada mais seria solitude, tudo já é você e eu dançando juntos.
Não tenho medo da dor, não tenho medo das durezas, tenho medo de me perder em um isolamento de amores, tenho medo de por você esquecer os meus louvores, esquecer quem eu sou, quem eu fui. Encarnar o papel de mãe mais do que o de mulher, ser uma pequena flor diante de teus pés. 
Mas não se preocupe pequeno, de todos esses medos eu me esqueço se for pra te ver voar, me faço tapete pra não te ver tropeçar.
Não tenhamos receios do que ainda é sofisma.

28 de julho de 2016. 

Mãe que me concebeu, você também tinha planos como eu?
O que você fez com os danos que te causei.
Como procedeu quando mais um filho nasceu?
Meu primeiro filho vem vindo e eu mal posso imaginar o que farei com meus livros?
Como seguirei minha vida nos próximos anos?
Como direi pro meu ego que meu tempo não será mais dele?
Que a minha trilha agora é cega e torpe.
Que toda a certeza será sua vinda,
O resto são torturas pré-concebidas.
Como escolher entre este e aquele,
Como adivinhar quais serão os macetes?

Mãe eu não sei mais onde procurar uma escada pra me apoiar.
Todos os meus sonhos morreram neste desterro.
E agora tudo o que vejo é a semente que cresce na minha barriga.
Serei mãe e não mais filha.
Serei ele não serei mais minha.
O último domínio sobre meu corpo se esvai como água-viva.
Nada mais me pertence, 
Sou a sombra de uma menina.
Tudo o que guardei no bolso caiu no meio da rua.
Escorreguei em meus próprios sonhos
e te gerei numa noite quente.

Tenho medo de que meu maior trunfo seja sua vinda em tempos descrentes.

Você o nobre e eu a mãe que beija o pé do filho sem dentes.

Juliana S. Müller.

sábado, 16 de julho de 2016

Juliana S. Müller
A evolução nos afasta das pessoas que mais amamos, é assim todo processo, por isso estou dando um descanso. Quando meu filho nascer vamos ter que ir pra outro recanto. Só olhando no espelho pra perceber o quanto estou desfigurada de mim mesma, da minha alma serena, do meu criacionismo sem arestas, não sou mais a arte de outrora nem a magia dos lares, eu sou os olhos que me julgam, os lábios que sarcasticamente querem me punir. Eu sou a inquisidora. Eu sou a calculadora que mede, que soma, que precisa mostrar resultados pra sua dona. Mas eu estou no fim do meu século, eu estou me iniciando em sequências da vida que prefiro não racionalizar. Eu alterando minha voz, eu recriminando os animais, eu sendo o pior lado de todos vocês, eu injetando veneno na glândula pineal. Me banhem em luz violeta, me reguem com cores corais, me salvem desta espiral que me carrega como a correnteza das águas mais anômalas, que empobrece meu diálogo, que me cala, que me cala, que me cala, que me cala que me cala até quando penso estar balbuciando algo a mais.
Sábado, dia 16 de julho de 2016.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Bonjour queridos leitores e amigos, esses versos de hoje são da série - Poemas que me vêm em sonhos. 

10 DE JULHO DE 2016

Aqui onde todos usam negro, 
tu flor rubra és única neste desterro.

Juliana S. Müller 

sábado, 2 de julho de 2016

Bonjour queridos leitores e amigos, um poema de sol para um dia radiante como só o inverno pode proporcionar sem causar cansaço.

Bisous.

11 de abril de 2016. 

Nenhuma folha permanecerá intacta quando você desembarcar no meu sertão.
Todos os rios congelarão para te ver nascer.
As árvores se voltarão e pedirão licença aos seus pés.
Os animais farão reverência perante teus olhos.
E eu mulher simples que sou, sangrarei meu coração, para ver o teu amor passar...

Juliana S. Müller.