domingo, 27 de outubro de 2019

DOMINGO 27 DE OUTUBRO DE 2019

Estou girando
no meio da rua
com os braços abertos
uma música toca na minha cabeça
"eu pedia me levaaa"!
E não é solidão
é plenitude
é total liberdade
É explosão do cosmos
É uma vida de escolhas.
Eu escolhi ser livre
E girar com o voo dos pássaros
Correr para dentro e fora de mim.
Sem medos,
eu não quero medos
Eu não quero ter que escolher
Eu só quero ir.
Por que no fundo eu já escolhi
Eu me escolhi.
Eu posso agora,
e agora eu vou ser.
Carnavalizar
Poetizar
Escandalizar
Apontar para mim
Uma vida cheia de possibilidades
Eu não ligo para a idade
Eu só quero a sanidade
não a santidade.
Vulgar é a fome, a miséria
O sexo é apenas a mecânica dos corpos
O vazio já o conheço
E dele não espero mais embeber.
Fazer Amor eu já fiz.
Agora só quero paz
E não sucumbir ao ego.
Estou me cuidando
Estou me amando
E não vejo nisso mal maior

Quero estar só comigo.

Juliana S. Müller

terça-feira, 22 de outubro de 2019

O amor é reticências

...

Não abdicarei de todas as possibilidades
de todas as vaidades
estou bebendo de todas as taças
e não vejo nisso mal maior 
do que embriagar-me
enquanto me permite a sanidade.

Um dia sol, um dia chuva,
e para tal inconstância
um amor a cada dia
um idioma novo
a cada semana uma nova trilha sonora
que nós compomos
com os ritmos que nossos corpos desprendem

Não viverei se não for pra ser livre.
Não amarei novamente se não inteiramente
Amores pela metade já amei antigamente
Agora sem pressa, sem ser pretensa
apenas sinto os ritmos que nunca dancei
os corpos que nunca abracei
os sons que nunca ouvira
Estou experimentando cada sabor
com a minuciosidade de um crítico culinário.

Não quebrarei as taças
não escarrarei nos sapatos
apenas pousarei de flor em flor
enquanto nenhum néctar despertar em meu paladar
o desejo de por ele até o fim dos dias ser alimentado.

Nada me assusta mais do que ter as asas arrancadas
depois de ter o voo alçado.
O amor é o todo,
o amor é livre 
é oceano
e não aquário.

Juliana S. Müller

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

PERA, PÁRA.



Pausa.

O som pausa.
O voo cessa.
A chuva escassa.
O sol regressa.
A criança cresce.
A árvore floresce e seca.
A formiga acumula e hiberna.
O animal corre e repousa.
Só a máquina não entende dos fluxos da natureza.
Só a máquina trabalha ininterruptamente sem sentir as falhas do seu sistema.
NÓS SOMOS NATUREZA,
NÃO SEJAMOS ROBOTIZADOS.
NÓS SOMOS ESPÍRITOS ENCARNADOS.
NÃO SOMOS CARNES ESPIRITUALIZADAS.
É POSSÍVEL SER HUMANO,
PARA TANTO
BASTA RESPEITAR O SER.
A CONSCIÊNCIA ESTÁ NO SER
NÃO NO HUMANO.

Juliana S. Müller

sábado, 7 de setembro de 2019

Relacionamentos

Bonjour mes amis et lecteurs, um poema pra não dizer que não falei dos relacionamentos pulsantes aqui e aí, na sua e na minha mente. Só estamos aqui pra aprender a nos relacionarmos com toda essa gente que também é a gente, então só podemos aceitar uma verdade, aprender a amar todos os dias e infinitamente, porque como diz o mestre, infinito é o desconhecido, infinito é até aonde não alcança a minha mente.

BISOUS.



Eu pousei aqui e ali,
e não me demorei mais que dez anos.

Não pousarei mais aqui e ali
se não for para não permanecer.

Todos os pousos que farei
logo levantarei voo.

Não alçarei voos
se não for pra perder o fôlego

Não perderei o fôlego
se não for pra morrer de novo.

Não morrerei de novo
se não for pra renascer fênix

Não renascerei fênix
se não for pra alçar voos rasantes

Não farei voos rasantes se não for
pra correr o risco de conhecer um novo lugar a cada instante.

Posso morrer e renascer,
mas não sem as asas que 
me permitem voos alucinantes.

Quando se trata de relacionar-se
não existe perda de tempo,
o que existem são novos tempos.

Juliana S. Müller



quarta-feira, 14 de agosto de 2019

TPM

Um poema para todo mundo que já viu uma mulher enlouquecendo na TPM, seja de prantos, de melancolia, de raiva, de qualquer sentimento extremo que normalmente não seria motivo para tanto, não seria nada mais que brisa ao ouvido.
Tenhamos empatia pelas fêmeas. Fêmeas, busquem dentro de si equilíbrio, acalmar a alma nesses dias evitam muitos ruídos na mente.

Paz.kkkk



Não pira.


Mas toda semana que a tensão vem

eu me encolho,
perco o controle das emoções
fico crua, nua, escancarada
é duro demais.
é oscilante demais
dá vontade de chorar
de rolar no asfalto
de queimar a carne
de esfaquear o coração
de apertar o outro que falta
encurtar as distâncias
é como ser bicho
puro instinto

É um abandono total do ser digno

é um desequilíbrio que harmoniza
o meu ser com a minha carne
é um sentir demais
processar demais
todas as coisas que passaram incólumes nos dias normais.

Eu existo com todas as minhas forças

com todo o meu coração em expansão
Passo os dias e as noites roendo os dedos,
desejando você vindo até mim
me tirando dessa carência
Me apertando nessa cama
fazendo ninho comigo
desenhando no meu umbigo com o seu dedo
Eu deliro
eu imagino e
multiplico tudo o que já vivi
Nada é natural nesses dias
Tudo é exaltado demais
Todas as vozes são estridentes
as músicas canções que me arrancam lágrimas.
É estranhar a dor que sai das entranhas
Mas é tudo ficção
Tudo drama da menstruação.

é só mais uma típica semana que passa sem remédio

Que deixa como marca ,
o vermelho no chão do banheiro.

Ser fêmea é isso,

nada é o mesmo.
Nem o corpo
nem os desejos.


Juliana S. Müller


terça-feira, 13 de agosto de 2019

O amor é japonês

Terça-feira, dia 13/08/2019

Todas as manhãs desperto no Japão.
Sento-me rente a janela, e observo.
Estou só.
Nesta casinha que é nosso lar.

Você já saiu,
me deu um longo beijo e se despediu.
foi trabalhar.

Eu passeio meus olhos pela paisagem lá fora,
é primavera.
Todas as cores sorriem para mim,
Não vejo mais aquele verde do soja.
Mas saboreio o seu gosto em todas as refeições.

E não posso deixar de pensar
que talvez aquele soja plantado em meu quintal
seja esse que tempera o nosso jantar.

Já diferencio as nacionalidades.
Os coreanos, os chineses e os japoneses
Já encontro em seus idiomas singularidades.
Já decifro seus rostos, seus corpos, suas habilidades.

E me destaco no meio de todos,
com as minha brasilidades.

Nunca me imaginei em terra tão estranha a mim.
Tão destoante de tudo o que já fui,
de tudo o que já projetei.

E hoje ao olhar pela janela
não estranhei mais as ruas,
nem as árvores,
não senti mais os abismos
Sinto que as pontes foram criadas
e agora já posso atravessá-la sem temores.

Todo esse equilíbrio tão ocidentalmente teorizado
no Japão é concretizado.
Tudo é harmônico e respeitado.

Sou aqui uma outra,
a escritora.
A buda.
A não carnavalizada.
Sou mais espírito e menos carne.

Encontrei no oriente,
o que jamais poderia no ocidente
O silêncio que não me entendia,
O silêncio que me acalma.

Juliana S. Müller

quinta-feira, 4 de julho de 2019

da série, o amor é japonês.

Bonjour mes amis, um poema apaixonado, apaixonante pra vocês saírem da abstinência.

Bisous.

...você me dá medo,
contradiz o meu senso.
Me tira do centro,
me joga de boca no chão,
me atropela com sua educação,
me traz anseios,
me devolve aos meses prósperos de um setembro,
porque julho era insosso,
agora julho tem o teu gosto,
e um poema feito em cinco minutos de intervalo,
entre seu beijo e meu pescoço...


Juliana S. Müller

sábado, 25 de maio de 2019

Bonjour lecteurs e amis. 
Um poema de amor
pra vocês
de mim,
de alguém que há em mim.



O amor está em você.

Pra quem eu escrevo esses versos?
Eu sinto que todas as vezes que
procuro rostos para cobrirem esse amor
para destinar esses versos
essa energia que teima em sair
é apenas um drama,
uma encenação
uma desculpa
para vê-lo sair.
O amor.
A energia.

Mas aqui dentro,
eu sei.
Que esse amor não é pra nenhum destes rostos,
Esse amor é meu é a mim direcionado.
Sou eu.
sempre fui eu a detentora deste amor.
é pra mim que escrevo esses versos
Sou a remetente e destinatária.
Mas na falta de reconhecer minha verdadeira imagem,
distribuo esse amor por todas as partes.
e lá no fundo encoberto do meu ser
eu já sei
sou eu a única face deste universo 
Que camuflado me faz varrer a face da terra
em busca destes olhos que só existem 
dentro de mim.
Em um buraco que todos os dias eu escavo
sem saber o dia em que 
nos encontraremos
e finalmente
existiremos
em um único 
ser.

Juliana S. Müller.


quinta-feira, 23 de maio de 2019

Um poema devocional.

Bonsoir mes amis, um poema de amor, de delírio, de louvor, de confissões, de gratidão, de pura devoção.


A arte é meu templo
é pra quem me ajoelho todas as noites,
agradeço.
Pra quem eu corro quando estou doente
enlouqueço.
Em um transe que me possui
me faz plural,
me destitui do ego
a ela me entrego.
Confesso,
Amor.

A arte é minha casa
minha manta
minha forma de estar
de amar ao mundo
suas dores
suas demências
suas cores
suas flores.

Sou toda sua
me derreto
me refaço
me esqueço
me atordoo
me redimo
transgrido
me agrido
me amo
santifico
purifico.

Pela arte,
na arte
com a arte
em arte
me vejo
te vejo
em meu seio
em um beijo
um desejo
um pedido

aceito.

Juliana S. Müller

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Bonjour mes amis, o poema de hoje é um retrato da felicidade pacífica das manhãs outonais, da companhia terrena mais agradável, mais condescendente.
Não sei como é sentir-se mãe, ainda me sinto tão amiga, pequenina, cúmplice deste serzinho de luz, desta sabedoria enigmática, sistemática, e tranquila.





você é puro interesse,
nas coisas do mundo
e nos signos que te parecem tesouros preciosos
Enigmas que as tuas chaves querem abrir.

Mas em nossa tranquilidade felina
criamos o hábito de fazer nada até o sol chegar ao topo do céu.
Enquanto não sentimos nossas bochechas queimarem,
não nos movimentamos demasiado.

Cultivamos horas após o despertar rolando na cama
olhando um para o outro
enquanto você treina suas novas palavras, sons, gestos
que o mundo ainda não está preparado pra entender.

Esses momentos de ócio tão meus,
tão epidêmicos,
casaram com o seu ritmo matinal.

E hoje esse silêncio, não mais intriga,
Ele acaricia nossas manhãs,
acalma as nossas mentes,
Enquanto vejo espaçadamente as suas sementes germinando.
Fazendo ninho qual pomba entre as salsinhas em nossa horta improvisada.

O seu olhar curioso,
seus dedos ágeis
que cortam o ar com gestos pequenos
Seu corpo pequeno deitado no gelo do chão
procurando as formas esféricas que rolam enigmaticamente,
entrando em todos os buracos da mente
e fazendo-me levantar a cada instante para procurá-las para você,
já que são pequenos bracinhos não logram alcançar o fundo dos escuros
de cada móvel da sala, quarto, cozinha...

Esse dourado que tua pele emana
sai de algo mais profundo do que a tua epiderme possa transparecer.
Evapora da tua áurea alienígena
de outros mundos,
de outras hordas antigas.
De dentro do meu ser.
Das estrelas distantes da galáxia,
de formas estranhas e tão reais quanto o verde dos teus olhos brilhantes.

Nesses dias,
eu não quero mais do que existir.
Não quero mais do que teu sorriso
do que teu silêncio
do que teus pequenos movimentos,
Eu só quero te ter por aqui,
tranquilo e sereno
com agudinhos extremos
e esses dentes que escancaram o sorriso
que nenhuma boca será capaz de plagiar.

Juliana S. M


segunda-feira, 6 de maio de 2019

Les nuits dans votre coeur

Bonjour mes amis e lecteurs, un poéme de moi avec vous.



De dois pares de olhos vultuosos.
Encontrei a certeza dos teus negros e profundos abismos,
E eles penetraram nos meus.
Enquanto seu abraço fugia
Suas pupilas me consumiam.

A doce espera do encontro,
O coração que não mais acelera,
A tranquilidade do existir na consciência.

Tudo o que fora dos teus muros é comum,
dentro das tuas muralhas é libertário, consumível
O etéreo nos protege, a matéria nos perverte
e nós permitimos todos os abraços nocivos.

Ah, quantos véus terão que cair até nossos corpos se unirem
Até nossa carne queimar na fornalha do nosso desejo.

Esse som que emana dos nossos pensamentos
vibra e atinge todos os meus nervos.

Ah a paixão, essa artimanha da natureza
que me aprisiona em grandes teias
que se fazem cama só pra me ver deleitar.

E eu caio, deito, estremeço
Não recuso esses aconchegos
Sou touro e peso em teus pelos.
Afaimado de teus gracejos.

Eu viro, rimo, ridicularizo esse versos
só pra ver o gozo de teus olhos pousando aqui.

Tua malícia é divina.
Nossa poesia alienígena.

Nossos votos não secretam,
Nossos verbos indiscretos.

A sinceridade com que guia meus lábios,
Será tema do próximo carnaval
porque nós dois juntos Baby,
somos um intenso vendaval.


Juliana S. Müller.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

NamastÊ


BONJOUR.

Na ausência da luz diurna, tentava me iluminar.
Em completo silêncio despi-me de sendas, apenas fui para onde minha mente caminhava. E quando não mais conseguia flutuar nos pensamentos
Voltei meus olhos para minha própria imagem refletida no espelho. Numa tentativa de concentrar o pensamento, olhei fixamente para o meio da minha testa, e de forma que eu jamais pude imaginar, minha imagem no espelho foi desaparecendo. Quanto mais eu focava no ponto em minha testa, mais a minha imagem sumia, chegando a desaparecer por completo.Me assustei no começo, mas depois de repetidas vezes, assumi o desaparecimento de mim mesma, e sem perceber na mensagem que me chegava, e que não era vazia. Quanto mais eu olhava para dentro de mim,mais a pessoa que eu sou desaparecia. Quanto mais a minha imagem interna se aclarava, mais a minha imagem exterior se apagava. Experimentar essa visão,foi um tapa no meu ego. Foi uma resposta muito clara,  para minhas perguntas convulsas. 
Eu estou pronta para desaparecer em mim mesma. 
Para esquecer a imagem que hoje reflete em meu espelho.
Para assumir as faces que eu fui. 
Para assumir a verdade que hoje eu sou.
Eu sou o amor, da cabeça aos pés.

namastê.




Eu estou pronta.

Juliana S. Müller.



terça-feira, 30 de abril de 2019

Terças serão a marca de que eu tanto preciso para não me iludir, para saber exatamente o mundo em que eu estou, para não me comprometer com o que é inútil, para deixar o que não é e nunca será.
Tenho 28 anos e muitos desgosto, mas eu já abracei a consciência, eu já flertei com a luz, e essa sensação não será arrancada facilmente, antes disso acontecer, eu arranco de mim o que tenta me definir.

30/04/2019

Eu queria que vocês vissem os raios que saem de mim quando eu sorrio
Mas os dias são feitos de aço e estilhaço.
E tudo o que saem de mim são brados, nem luzes nem abraços.
Minha voz estridente foge entre meus dentes
e atinge a primeira face que não consegue escapar.

Eu só queria estar no topo de mim mesma agora,
Olhando para baixo de meus ombros e enxergando a mim
e aos meus esforços ridículos para me manter sã
Enquanto milhares de almas desequilibram ao meu redor.

Mas em vez de bradar, desta vez, vou sorrir.
Vou sair levitando pela janela,
Vou esquecer que sou humana
que tenho limite nas paredes,
que tenho horas para chegar e partir.
Que tenho que me alimentar,
Hora para deitar, para dormir.

Vou esquecer que sou responsável
Vou surtar, 
vou jogar os dados no ralo,
Vou me despedir deste ser,
Enquanto estou nestas situações,
o mundo não implora pela minha volta
Ninguém percebe a nossa ausência
só mesmo nós conseguimos sentir quando a nossa áurea está imunda
Suja e gasta pelo lixo do mundo que vocês são.

Eu vou orar aos deuses
eu vou orar para que todos me perdoem
Porque a hora que eu for, 
não deixarei nem bilhetes
nem desaforos.
Carregarei tudo comigo,
Meus livros e meu amor.
E as dores de garganta causadas pelo esforço repetido
eu deixarei contigo.

A trilha sonora da minha liberdade é cantada por um desconhecido 
na porta de um mercado em quem ninguém nota, 
em quem ninguém se importa,
apenas o meu desespero atento,
apenas o meu repetido lamento.

Eu tenho um coração...
Eu ainda tenho unhas dentes e 
não deixarei arrancarem a minha pele,
não.

Juliana Silva Müller.

domingo, 14 de abril de 2019

Poema pro gato Peri, ser que veio somar, ensinar, amar, distrair.
De algum dia do inverno passado.





Era matéria.
Densa.
Pesada.
Macia.
Volumosa.

Era alheio.
a todos.
aos outros gatos.
Ao perigo.
Ao amigo.

Era carinhoso.
Amava um dia não, o outro sim.
Mordia os tornozelos.
Seguia seus donos até o portão feito cachorro.
Amigo dos humanos,
inimigo de sua espécie.

Era friolento.
No inverno se enfiava nas cobertas,
e dormia com a cabeça no travesseiro.
Feito gente.
Passava os dias no pé do fogão à lenha.
Passava as noites nos pescoços.

Era chato.
Acordava de madrugada e miava.
Acordava cedinho e miava.
Queria fazer xixi, miava.
Queria abrir a porta miava.
Queria ser gente, miava.

Era gato.
Morreu não se sabe como.
amanheceu no asfalto.
como num prenúncio meu
como num sonho acordado.

No início o peso de seu corpo foi sentido no coração.
Pesava. doía.
Depois foi virando éter.
Uns dias mais e só sentia um leve movimento,
seu pulo pesado na cama.
Suas patas afofando as cobertas nas minhas pernas.
Tudo isso foi se desfazendo.
E ficou apenas as suas aparições fantasmagóricas.
Entretendo o filho,
Arrancando-lhe gargalhadas.

O filho que entende mais de ser gato do que humano.
Que é todo Peri.
Que ignora os signos humanos.
Que anda como gato.
Que brinca como gato.
Que ama como gato.

E eu aprendi a amar os espíritos trocados.
A olhar as razões com outros olhos.
A sentir o amor de humano e de gato.
De gato que quer ser homem
de homem que quer ser gato.

As experiências são divididas, existência é uma só.

Juliana S. Müller.



sexta-feira, 5 de abril de 2019

Bonne nuit.

Hoje um aluno disse em sala,
- Eu acho que a maestra é a professora que mais sabe filosofar.
Aulas de artes,
Aulas de filosofia,
Aulas de história,
Mas é na aula de espanhol que os niños aprendem a pensar.
Como?

Não dou aulas de idioma,
Entre o verbo e o Ser, escolho você.
Escolho todos vocês,
Todas essas faces de incredulidade,
Todas essas pestanas levantadas
Todo esse silêncio que irrompe do meio da convulsão de bocas
que se escancaram durante o tempo que têm para comunicar.
Quando deixo a importância do verbo morrer e toco no ser,
até mesmo as bocas mais esgarçadas se fecham.
E todos os ouvidos se abrem,
e os corações disparam,
e depois de ouvirem a minha verdade
As perguntas jorram,
a curiosidade aflora,
e minha aula de espanhol vira,
aula da vida,
aula de yoga, filosofia, história, misticismo, budismo, psiquismo, e todas as pautas que ninguém quem pausar.
Eles ouvem o que lhes falta,
Eles se abrem para o que lhes calam.
No fundo todos os niños sabem o que realmente importa,
quando você disser algo que realmente signifique no ser,
eles refletirão,
eles ouvirão e não esquecerão até a próxima prova,
até o próximo ano
até a próxima etapa da vida.
Eles guardarão nas gavetas que Dalí escancarou,
Eles serão homens e mulheres e lembrarão das nossas aulas.
O idioma é a nossa desculpa,
Para evitar os divãs e refletir em grupo a angustia que nos assola.

Juliana S. Müller

domingo, 31 de março de 2019

O prisma da nova era.

Bonjour leitores e amigos, um poema empoeirado, todo feito ainda no pós-parto, com todos os níveis de hormônio baixando, e a cabeça perdida com a nova rotina, ás vezes sobrava um pouco de aspas durante os dias e as noites, e um poema ou outro saía.
Agora ele já sorri, o sorriso maior que meus olhos já viram, tem o semblante que irradia mais do que qualquer sol, qualquer estrela ainda encoberta.
É o amor que fantasia, o resto é pura apatia.

03 de setembro de 2016, segunda-feira
mesclando os dias.
conforme o sol gira
os gatos se apinham em frestas que vazam pelas janelas, em busca de seus raios tão escassos neste período do ano.
As sombras são a cena deste filme,
enquanto isso nós geramos o nosso filho.

Lá fora o vento faz festa varrendo as ruas das folhas secas.
É sábado e ninguém vai à feira.
Aqui todos preferem o sabor da fruta seca.

Eu que não sou gato, que sou forasteira
Não caço o sol nem vou às feiras,
Permaneço na mesma cama como uma enferma.
A verdade é que mudaram o cenário, mas a minha cena ...

Sempre escrevendo, sempre vendo o dia nascer e varrer para debaixo da minha poesia toda a vontade de ser lida.
Deus está lá.
E eu estou aqui ouvindo as crianças saindo do colégio, enquanto nosso filho não ri.
Vou sendo uma imagem cubista que não se encaixa em nenhuma pintura renascentista.
Se você me visse assim com ele no colo no canto do quarto, me pediria para ficar ali, quietinha sendo fotografada pelos olhos que já não vejo mais aqui.
E suas lentes armariam o maior pampero só para me ver descolorir os versos que andavam presos numa prosa que eu não confio, numa prosa que não diz nada de mim.

De sua Juh...

sábado, 9 de março de 2019

El amor es un recuerdo de Carnaval.

El amor apareció en medio de la noche,
usaba un traje y ojos azules ambiciosos
Completamente fijados en los míos.
El amor no habla mi idioma,
Pero se esfuerza por entender mi razón.
No acompaña mis labios mientras yo hablo lentamente,
tratando de parecer lo más clara posible,
en el intento absurdo de que él pueda conocerme.

Pero el Amor, continúa compenetrado en mis ojos,
no desvía la atención de mi ser,
atraviesa el verde de mis retinas,
se sumerge en el universo que se esconde en mis pupilas.

Yo ya no percibo nada a mi alrededor,
sólo conozco su sonrisa, sus labios rosados.
Su piel dorada, brillando como el cosmos brillaría en la sonda de la nasa.
Y toda mi capacidad de ignorar el amor, se fue.

Quiero amar a ese ser que he arrebatado de dentro de mí,
Que no pertenece a mi historia,
Que no conoce mis secretos,
Pero vibra en la misma intensidad de la alma mía.

Yo quiero hacer versos contigo Amor,
aunque usted no sepa mi discurso,
Aunque usted habite la aurora boreal,
Yo te daré mi verbo por estos días.

Tus ojos iluminaron los míos,
tu sonrisa encendió en mí la ternura,
Su incapacidad para comprender este poema
despertó en mí el coraje.
Que la edad me quita todos los días.
No quiero conocer su historia,
sólo quiero sentir esa conexión que trasciende
tu carne y la mía.

De su Juh ...



O amor apareceu no meio da noite,
usava terno e olhos azuis interessados.
Completamente fixados nos meus.

O amor não fala meu idioma,
Mas se esforça pra entender minha razão.
Não acompanha os lábios enquanto eu falo lentamente,
tentando parecer o mais clara possível,
na tentativa absurda de que ele possa me conhecer.

Mas o Amor, continua compenetrado em meus olhos,
não desvia a atenção do meu ser,
atravessa o verde da minha retina,
e mergulha no universo que se esconde nas minhas pupilas.

Eu já não percebo nada ao meu redor,
só conheço o seu sorriso, os seus lábios rosados.
A sua pele dourada, brilhando como o cosmos brilharia na sonda da nasa.
E toda a minha capacidade de ignorar o amor, foi embora.

Eu quero amar esse ser que é arrebatado de dentro de mim,
E que pertence a minha história,
Que não conhece os meus segredos,
Mas vibra na mesma intensidade da minha alma.

Eu quero fazer versos com você Amor,
mesmo que você não saiba a minha fala,
Mesmo que você habite a aurora boreal,
Eu te darei o meu verbo por esses dias.

Teus olhos iluminaram os meus,
teu sorriso acendeu em mim a ternura,
Sua incapacidade de compreender esse poema
despertou em mim a coragem.
Que a idade tira de mim todos os dias.

Não quero conhecer sua história,
só quero sentir essa conexão que transcende
a tua carne e a minha.


De sua Juh...